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Alepi: "Disputa saudável não é fim do mundo", diz Regina Sousa

A vice-governadora do Piaui também falou, durante entrevista exclusiva, sobre desafios do mandato, reforma administrativa dentre outros assuntos.

Graduada em Letras e funcionária do Banco do Brasil, Regina Sousa (PT), a nova vice-governadora do Piauí, já foi secretária de Administração do estado nos dois primeiros mandatos de Wellington Dias, foi atuante na militância sindical onde presidiu o Sindicato dos Bancários e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Piauí, e nas esleições estaduais de 2010 foi eleita primeira suplente de senadora. A petista assumiu em 2015 o mandato de senadora com a eleição de Wellington Dias para governador à época.

Eleita vice-governadora do Piauí na chapa de Wellington nas eleições de 2018, Regina Sousa concedeu entrevista exclusiva ao Viagora, onde falou sobre desafios do mandato, projetos que pretende executar, reforma administrativa, dentre outros assuntos.

  • Foto: Hélio Alef/ViagoraVice-governadora Regina Sousa (PT)Vice-governadora Regina Sousa (PT)

Viagora: Como a senhora pretende marcar seu mandato como vice-governadora no que diz respeito a ações?

Regina Sousa: Eu pretendo ajudar o Governo nas tarefas de governar, no andamento de processos, projetos, fazer essa intermediação, principalmente no que diz respeito ao combate à pobreza, que é minha bandeira desde sempre, e direitos humanos. Pretendo caminhar discutindo essas coisas nas secretarias, quais as ações que levam atender a esses objetivos, a questão ambiental, essas coisas que eu sempre defendi eu pretendo que o governo tenha como pauta central.

Viagora: A senhora ainda se sente vítima de preconceito? Qual a sua opinião sobre a discriminação na sociedade?

Regina Sousa: Existe uma questão de não aceitação que o pobre pode chegar em algum lugar. Tem esse preconceito na sociedade então usam a minha figura, mas no fundo não aceitam que uma pessoa da minha origem chegue naquele espaço que a elite acha que é dela. Falam do meu cabelo, jeito de vestir, mas na verdade não é isso que incomoda. O que incomoda é eu ter chegado a ser protagonista do cenário político estadual, nacional. Mas eu lido com isso combatendo, sempre foi uma das minhas bandeiras, mas sei que não é simples de acabar porque foi construído culturalmente nas pessoas, e isso é muito sério porque tem gente que trata o assunto como brincadeira, mas é sério. Se todo mundo que percebi isso não começar a combater, vai aflorar mais e agora parece que isso aumentou mais no Brasil. Ficou mais evidente a partir dessa coisa de disseminação de ódio e preconceito, parece que as pessoas perderam a vergonha de serem racistas, de serem machistas. Eu estava vendo que teve mais um feminicídio no Piauí. Quer dizer, homens matam porque terminam relacionamento. O que é isso? Vamos ter que botar grupos de apoio para preparar casais para se separar?  É um absurdo. A maioria dos feminicídios é por ciúmes, fim de relacionamento, é uma coisa inexplicável. Então é uma frente de batalha que a gente tem, por isso tem que ser trabalhado, discutido, temos que lutar para que isso diminua e pare de acontecer.

  • Foto: Hélio Alef/ViagoraVice-governadora Regina Sousa (PT)Vice-governadora Regina Sousa (PT)

Viagora: A senhora pretende ser uma vice-governadora atuante? Quais são seus projetos?

Regina Sousa: Quero atuar, até porque sou parte muito presente na questão da fome. O Brasil está voltando para o mapa da fome e isso é preocupante. Eu tenho um trabalho junto a ONU como membro da cúpula mundial de parlamentares contra a fome, e mesmo nãos sendo mais parlamentar, eu quero continuar com esse trabalho, fazer uma busca ativa, visitar comunidades, porque é um grande problema. A gente vai nas cidades, faz atos, mas não vamos nas periferias, então eu pretendo fazer essas coisas. Após fazer uma cirurgia, eu pretendo botar o pé na estrada e ver aonde estão os problemas. Eu já fazia isso, eu vi até uma reportagem que existe uma comunidade de 30 famílias esquecidas lá numa serra chamada Serra do Inácio, que me chocou o nível da pobreza, a mulher disse inclusive que lá ninguém vai nem pedir voto, de tão esquecida. Então essas famílias são esquecidas e será uma das primeiras viagens que farei será para essa comunidade que fica no Piauí. Ainda hoje também tem criança sem certidão de nascimento, a gente sabe que lá na comunidade a mulher tem filho na mão da parteira, então vai juntado os filhos para depois ir registrar. Quero levantar os problemas e encaminhar para os órgãos responsáveis, como até mesmo a prefeitura, que tem condição de resolver. Quero atuar nesse sentido de descobrir os pontos vulneráveis e buscar resolver, continuar a inclusão, trabalho social e também estarei junto ao governador, mas meu foco será o social.

"Falam do meu cabelo, jeito de vestir, mas na verdade não é isso que incomoda. O que incomoda é eu ter chegado a ser protagonista do cenário político estadual e nacional".
Regina Sousa

Viagora: Como a senhora avalia a necessidade de uma reforma administrativa no estado?

Regina Sousa: Quando a gente fala reforma sabe-se que não necessariamente os cortes diminuem despesa. O Temer diminuiu não sei quantos ministérios e não diminuiu nenhum centavo nas despesas, é só ver os relatórios. Então está sendo feito um grupo de trabalho, que eu inclusive estou participando, para eu poder me inteirar e dar meus palpites. No entanto, os economistas em uma coisa todos concordam, tanto os de direita como os de esquerda, que o ajuste é pela despesa, porque o Brasil não vai crescer o suficiente para resolver esses gargalos, então se tem que diminuir tem que ser pelas despesas, é a chamada economia de palito. Tem que ver todos os contratos e ver onde pode ser diminuído. O estado do Piauí é um dos estados com menos cargos comissionados, mas se é possível fazer algo vamos fazer. Agora a projeção que está sendo feita é que a economia não vai crescer o suficiente, então temos que fazer o ajuste pensando nisso, pela despesa para sobreviver.

Viagora: A senhora, assim como o governador Wellington Dias, também defende um consenso na eleição da Alepi?

Regina Sousa: É sempre bom um consenso quando a disputa é na base, então o papel do governador é tentar o consenso, mas se tiver uma disputa saudável não é o fim do mundo. Renovação é sempre bom, mas por isso que um consenso seria bom também para se ter um acordo, eu inclusive sou a contra a reeleição, inclusive é uma das metas do Governo Federal, que se ele fizer eu vou até aplaudir que é fazer a reforma política de forma que acabe a reeleição. A bancada é autônoma, mas é uma questão que a bancada, o partido vai tentar resolver entre eles.

"O estado do Piauí é um dos estados com menos cargos comissionados".
Regina Sousa

Viagora: Em virtude da situação do Piauí, o PT vai aceitar perder espaço para ajudar o estado no que se refere a composição do secretariado?

Regina Sousa: Se tiver que perder, todos vão ter que perder, sempre é um diálogo que o governador faz com os partidos. Primeiro ele vai dizer o que cabe ao PT, então é um diálogo aberto e não pode penalizar só um, então ele vai fazer com que todos compreendam a necessidade das mudanças.

  • Foto: Hélio Alef/ViagoraVice-governadora Regina Sousa (PT)Vice-governadora Regina Sousa (PT)

Viagora: No futuro, mas especificamente em 2022, caso o governador se ausente do governo para uma disputa para o Senado, a senhora se acha preparada para comandar o Piauí?

Regina Sousa: Minha vida sempre foi um desafio. O governador não governa sozinho, existe uma equipe que vai ajudar, mas quando a gente assume uma candidatura a vice tem essa possibilidade, mas isso não é cogitado, vamos deixar as coisas acontecerem naturalmente.

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