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Caminhoneiros dizem que protesto não tem prazo para acabar

Eles reclamam da falta de pontos de apoio para fazer paradas.

Imagem: Janaína Carvalho/G1Caminhoneiros parados na Rodovia Presidente Dutra, altura de Piraí (Imagem:Janaína Carvalho/G1)Caminhoneiros parados na Rodovia Presidente Dutra, altura de Piraí

Caminhoneiros que continuam parados na Rodovia Presidente Dutra em protesto contra a lei que regulamenta a jornada de trabalho da categoria afirmam que as manifestações só acabarão quando suas reivindicações forem atendidas.

De acordo com o grupo, a falta de pontos de apoio para fazer as paradas a cada quatro horas, como determina a nova Lei Federal 12.619, torna inviável e mais perigoso o trabalho deles nas estradas.

“Eles querem construir a casa começando pelo telhado. Não precisa ser mestre de obras para saber que uma casa começa a ser erguida pela fundação. Antes de fazerem todas essas exigências, os pontos de apoio precisam ser criados”, afirma o caminhoneiro Dorival Sartório, de 44 anos.

Segundo ele, para que os caminhoneiros parem a cada quatro horas rodadas, é fundamental que sejam criados pontos de apoio nas estradas. Para a categoria, os assaltos e os riscos aos quais os caminhoneiros ficam suscetíveis nas rodovias do país vão aumentar se eles forem obrigados a pararem em qualquer trecho,

“Às vezes ficamos parados mais de três horas em engarrafamentos. Com o tempo que resta (1h), não dá tempo de chegar em um lugar seguro na maioria das vezes”, afirmou Dorival.

Pontos de retenção

Com o protesto dos caminhoneiros, a Rodovia Presidente Dutra apresentava, às 11h25 desta terça-feira (31), vários pontos de congestionamento, de acordo com a concessionária CCR Nova Dutra. Na pista sentido Rio, manifestantes fazem, pelo terceiro dia, uma manifestação na via para reivindicar a mudança na jornada de trabalho.

No km 302, em Resende, no Sul Fluminense, havia no horário quatro quilômetros de congestionamento. Em Porto Real, na mesma região, no km 290m há 1,5 km de retenções. Já no km 273,5, em Barra Mansa, também no Sul Fluminense, havia nesta manhã 14 km de lentidão.

Os motoristas que seguiam para São Paulo pela Via Dutra no horário encontravam congestionamento nos kms 276 e 228. Segundo a concessionária, no km 276, em Barra Mansa, havia 11 km de retenções. No outro ponto, em Piraí, a lentidão era de 1 km.

Nos trechos citados, os caminhões ocupam a faixa da direita e o acostamento. A pista da esquerda era liberada ao tráfego apenas de ônibus e carros.

O Protesto
Os caminhões ocupam as pistas nos dois sentidos da via (Rio e São Paulo). De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Carga do Sul Fluminense, o número de veículos parados na via chegou a 5 mil. O sindicato informou ainda que os manifestantes vieram preparados para passar dias na rodovia, se for preciso.

Desde a semana passada, caminhoneiros realizam manifestações e fecham estradas em vários estados do país em protesto contra a lei que regulamenta a jornada de trabalho da categoria.

A Lei Federal 12.619 obriga o trabalhador a ter descanso de 11 horas entre duas jornadas de trabalho, uma hora por dia de parada para almoço e repouso de 30 minutos a cada quatro horas rodadas. A lei foi publicada pelo Governo federal no dia 30 de abril e tem como objetivo evitar que motoristas rodem dia e noite sem paradas, para diminuir o número de mortes nas estradas.

A PRF iniciou fiscalização nesta segunda. “A fiscalização vai ser feita através do tacógrafo do veículo, que é o equipamento que registra o tempo de direção, velocidade e distância percorridas. No caso da impossibilidade da verificação do tacógrafo, nós vamos fiscalizar através da papeleta, que é um documento que todos os motoristas, inclusive os autônomos, devem portar, onde ele vai registrar o tempo de direção, a parada e a saída do veículo”, explica o inspetor da PRF José Hélio Macedo. Se descumprirem a determinação, os condutores poderão ser multados.
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