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Covid-19: Ônibus continuam circulando superlotados em Teresina

De acordo com o Setut, as empresas de ônibus não possuem condições de aumentar a frota em circulação já que o atual valor arrecado não cobre os curtos operacionais.

O transporte coletivo em Teresina voltou a funcionar há quase dois meses, mas as reclamações e impasses entre a Prefeitura de Teresina e as empresas de ônibus continuam.

Para evitar aglomeração, devido a pandemia da Covid-19 e uma forma de evitar a propagação do vírus na cidade, o prefeito Firmino Filho determinou que os ônibus só circulem na capital com os passageiros sentados, porém, a medida tem gerado mais reclamações por parte dos usuários devido à demora dos coletivos, já que os ônibus passam lotados, como relata esta usuária Valdênia da Silva.

“Não fui trabalhar hoje porque vou falar pra minha patroa que vou sair do serviço porque não tem condição de eu chegar em casa 20h, e eu estou com mais de uma semana tentando chegar em casa, não estou conseguindo. Pra não discutir no serviço [por conta de atraso] eu vou ter que sair. Três horas em um ponto de ônibus. Você chegar em um ponto de ônibus 17h e sair 20h, pagando motorista de aplicativo sem ter condição, se você tem mal condição de pagar a passagem. Eles [os ônibus] não param, lotado e acabou. E nem tente que você não consegue”, explica a usuária.

O Ministério Público (MPPI) expediu duas recomendações para que a Prefeitura oriente as empresas de ônibus a aumentar a frota na cidade e para que a fiscalização seja intensificada, mas o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros (Setut), afirma que não tem condição de colocar mais ônibus rodando na cidade já que o valor arrecadado no momento não cobre os curtos operacionais e que a maioria das empresas estão funcionando no vermelho.

Conforme o Setut, após a reabertura gradual das atividades, a demanda aumentou de 10 mil para 30 mil passageiros, cerca de 13% da demanda normal, que gira em torno de 220 mil usuários por dia. Mesmo com o aumento no número de passageiros, o sindicato alega que há um desequilíbrio e que no momento, qualquer possibilidade de aumentar a frota em operação irá depender da Prefeitura de Teresina assumir os custos operacionais.

Outro ponto questionado pelo Setut é que a Prefeitura determinou que os cobradores e motoristas fiquem responsáveis por controlar a quantidade de pessoas dentro dos ônibus, mas o sindicato afirma que os funcionários não possuem autoridade de polícia para impedir a entrada dos usuários.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro), explica que a categoria entende que as empresas precisam de um auxílio financeiro para conseguir aumentar a frota em circulação, mas também lembra que os empresários ainda não pagaram os 30% das MPs que foram estabelecidas no acordo.

“A gente compreende que realmente o sistema precisa de ajuda financeira para se manter, mas a gente também analisa que os empresários precisam pagar os 30% das MPs que os trabalhadores tão fazendo adesão e os mesários não estão pagando. Nós vamos fazer com que esses 30% sejam pagos, nós vamos nos manifestar na próxima semana”.

Na semana passada, o prefeito Firmino Filho chegou a dizer que iria intervir nas empresas que descompensem o decreto e estivessem circulando com lotação dentro dos coletivos. Conforme a Strans, nessa segunda-feira, vinte e sete ônibus foram notificados na capital no horário entre as seis e oito e meia da manhã, período de maior movimentação. A Prefeitura de Teresina informou ainda que a Strans e a Guarda Municipal tem contribuído para a intensificação da fiscalização na cidade.

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