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Falta de estrutura deixa delegacias e policiais vulneráveis a bandidos no Piauí

O G1 percorreu várias delegacias da capital e constatou situação precária. Delegado geral, James Guerra, afirma que melhorias estão sendo feitas.

Imagem: ReproduçãoPoliciais de plantão frustraram uma tentativa de resgate de preso em Teresina(Imagem:Reprodução)Policiais de plantão frustraram uma tentativa de resgate de preso em Teresina
Vários distritos policiais no Piauí apresentam estrutura precária. Policiais reclamam das péssimas condições de trabalho e chamam atenção para a falta de segurança. No sábado, nove dos 10 presos mantidos no 21º Distrito Policial, localizado na Zona Sudeste de Teresina, fugiram após serrarem as grades das celas. Agentes do 22º e do 9º Distrito Policial, localizado na Zona Norte de Teresina, também presenciaram uma cena que muitas vezes é vista no cinema: homens fortemente armados invadindo delegacias com o objetivo de resgatar presos.

Em outubro deste ano, seis homens renderam os policiais e fizeram um “arrastão” no 22º DP. Além de resgatar os oito presos que estavam detidos, os suspeitos levaram todas as chaves das celas e das viaturas, as armas dos três policiais que estavam de plantão, além de roubar celulares e joias das vítimas.

Já no 9º DP, a ação dos criminosos não foi bem sucedida. No dia 13 de outubro, seis homens e um adolescente invadiram o Distrito na tentativa de resgatar o preso Marquinho Diego de Castro Rodrigues, que responde a dez processos na Justiça. Houve troca de tiros com a polícia e os invasores não conseguiram fugir levando o preso.

Para Cristiano Ribeiro, presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Piauí (Sinpolpi), o resgate de presos custodiados pela Justiça reflete a insegurança e a precariedade em que funciona a maioria dos distritos policiais em Teresina. “O que estamos vendo é a inauguração de uma nova modalidade de crime no estado: bandidos resgatando presos", relata.

"Esta situação é preocupante porque nossos policiais não estavam preparados para enfrentar este tipo de crime. Falta estrutura física, o número de agentes é insuficiente, além disso, a Polícia Civil tem se encarregado de custodiar presos, quando sua função é investigar. Esta atribuição de manter os presos em cela é da Polícia Militar”, afirma Cristiano.

Ainda de acordo com o sindicato, atualmente o efetivo da Civil é formado por 1.196 homens na ativa, quando o recomendado seria 1.500 policiais. A instituição denuncia também que os plantões são compostos por três agentes, sendo que o ideal seria a presença de seis pessoas para que não aconteça o caos que foi relatado acima.
Imagem: ReproduçãoMarca do tiro na parede do 9ª DP(Imagem:Reprodução)Marca do tiro na parede do 9ª DP

Falta de estrutura nas delegacias


Durante uma visita a alguns distritos, o G1 Piauí encontrou uma situação preocupante, onde a população não consegue registrar um boletim de ocorrência porque não há papel ou computador onde o funcionário possa digitar o documento. Fato presenciado no 1º DP, no Centro de Teresina.

No 8º Distrito Policial, localizado na Zona Sudeste da capital, que é responsável por sete bairros da região, a porta de entrada está quebrada, não há um local especifico para guardar documentos, o banheiro encontra-se interditado e os detentos permaneceram até três dias sem tomar banho devido à falta de água.

As instalações elétricas comprometem o funcionamento das delegacias, há infiltrações e os veículos estão sucateados. Esta é uma circunstância vivenciada no 24º DP, também localizado na Zona Sudeste de Teresina. Na Delegacia da Mulher, instalada na mesma região, é comum o fechamento do distrito por duas horas para que a transferência de presos seja realizada.

“É de praxe fecharmos a delegacia enquanto temos que levar um preso à Central de Flagrantes e depois encaminhá-lo a outro DP porque não temos efetivo suficiente para vigiar a delegacia durante este tempo”, revela chefe de plantão Constantino Júnior.

Os problemas mencionados não se restringem aos distritos da capital. “A falta de agentes é tão gritante que é comum, nas delegacias e cadeias do interior do Estado, um dos presos mais antigos e de bom comportamento ficar responsável pela chave do DP no período da noite. Caso não exista esse preso de confiança, os delegados preferem fechar as delegacias com os detentos dentro, só reabrindo o prédio na manhã seguinte como se uma cadeia fosse uma repartição comum”, informou Cristiano Ribeiro.

O presidente do Sinpolpi revela ainda que há apenas uma delegacia para atender moradores de cinco cidades.

“Quando somos informados de algum assalto em agência bancária do Piauí demoramos um pouco para chegar até o local da ocorrência, pois uma delegacia cobre várias cidades. Neste caso, a agilidade policial tão desejada pela população é ineficiente. O ideal seria que cada município contasse com uma delegacia”, afirma o presidente.

Delegado fala sobre a situação

O delegado geral da Polícia Civil, James Guerra, informou ao G1 PI que atualmente as delegacias de Teresina têm 68 presos e aos poucos esses detentos estão sendo transferidos para as penitenciárias.

Sobre o reduzido número de policiais, o delegado afirma que não é o ideal, mas ressalta que o Governo do Estado já realizou um concurso público para contratação de novos agentes.

Segundo Guerra, até o final de novembro, a Secretaria Estadual de Segurança do Piauí deve convocar 60 aprovados para realizarem o curso de formação, para, logo em seguida, atuarem nos distritos.

O delegado geral finalizou a entrevista dizendo que estão sendo realizados reparos na estrutura física das delegacias onde há maiores problemas.
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Willame Moraes

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