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Núcleo do Ministério Público recebe quase mil processos por mês de mulheres vítimas de violência

"A mulher do Piauí, em especial de Teresina, se sentiu mais encorajada em denunciar", diz promotor do Nupevid.

Por mês, o Nupevid (Núcleo de Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar) recebe cerca de 900 processos correspondentes à atendimentos realizados pelo órgão. Segundo o promotor do Núcleo, Francisco de Jesus Lima, esse alto número de procedimentos deve-se à procura pelo serviço por mulheres que foram vítimas de algum tipo de violência.

O promotor destacou que as diversas ações, como a Lei Maria da Penha nas escolas, o sistema de banco de dados com informações sobre as vítimas de violência, bem como o perfil desses agressores, além de atividades no interior do Estado, entre outros, tem fortalecido a mulher a denunciar as agressões sofridas. “A mulher do Piauí, em especial de Teresina, se sentiu mais encorajada em denunciar. E nós temos conseguido articular essa rede de atendimento, com delegacias, centros de referências, Sanvvis, coordenadorias de políticas para mulheres municipal e estadual, para que ela denuncie e seja devidamente amparada”, disse.

Apesar de ter tido muitos avanços ao longo dos anos, o promotor Francisco de Jesus ressalta que ainda existem falhas e que há o que ser melhorado. Contudo, ele enfatizou que o Piauí tem um modelo nacional de acolhimento de mulheres vítimas de violência. Ele citou que as mulheres sofrem com a “violência de armário” e que somente com um trabalho coletivo é possível que esta mulher ganhe empoderamento para buscar ajuda e denunciar a violência sofrida.

“A violência está em todo o Brasil como uma violência de armário, e nós estamos em segundo lugar como o Estado que mais denuncia porque conseguimos fazer um trabalho social para que essas mulheres denunciem. Eu não digo que a violência aumentou, mas que as mulheres estão saindo do armário. As autoridades precisam chamar essa mulher para que ela denuncie e junto com os órgãos enfrentar essa violência, porque essa é uma responsabilidade social. Aliado a isso, é preciso investir em mais políticas públicas. Queremos que essa mulher saiba que não está sozinha, mas dando a segurança dos órgãos”, pontuou.

Francisco de Jesus destacou, por exemplo, as atividades desenvolvidas em escolas, através de uma cartilha educativa, que visa orientar os jovens sobre os diversos tipos de violência, seja contra o idoso, sexual, o racismo, entre outros. O promotor explicou ainda que é preciso oferecer para esta mulher vítima de violência opções de ajuda além das delegacias, como oportunidade de renda.

“Se essa mulher é vítima do agressor porque ela não tem renda, é preciso encaminhar essa mulher para políticas públicas, para que ela vá saindo dessa margem do agressor. Mas claro, se for agressões que deixam marcas, deve-se buscar a delegacia. Mas há casos em que uma terapia conjugal resolve essa violência, dependendo do nível desse ciclo”, citou.
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