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Polícia gravou conversas da Beth Cuscuz negociando com agenciador de mulheres no Maranhão

O áudio mostra negociações feitas entre funcionários e a proprietária da boate Beth Cuscuz.

O Núcleo de Inteligência da Polícia Civil divulgou três gravações feitas com autorização da Justiça durante os 15 meses da investigação da operação Aspásia, que resultou na prisão de oito pessoas por prostituição. O áudio mostra negociações feitas entre funcionários e a proprietária da boate Beth Cuscuz.
Imagem: ReproduçãoBeth Cuscuz (de blusa branca) presa pela Polícia Civil.(Imagem:Reprodução)Beth Cuscuz (de blusa branca) presa pela Polícia Civil.

Veja trecho da conversa de Vela (suposto agenciador do Maranhão) e Beth Cuscuz:

Vela: A Claudinha me mandou uma mensagem perguntando se era verdade, de que eu tava falando que só ia prai depois que confirmasse o depósito da Amanda. Ai eu peguei falei que era verdade, que depois que confirmasse o depósito que eu ia, que as passagens estavam tudo compradas, que tava tudo certo.

Beth Cuscuz: Tá certo. Tá tudo bem. Eu não tiro sua razão não. Você tem razão. Porque a Amanda Soares veio de você, foi você que arrumou ela pra cá. Então ela tinha que receber o dinheiro dela direitinho, para poder ela voltar novamente, para puder um dia ela voltar para cá e a gente contratar novamente. Ai ela se chateou contigo por causa disso?

Vela: Ai ela pegou e falou que não gostava de ameaças, que não precisava mais eu ir não. Ai eu ta bom. Ai eu só...

Beth Cuscuz: Pois deixa eu te falar uma coisa, deixa uma coisa bem clara para ti. Vela, eu tenho, eu tenho 25 anos de casa, ta entendendo? Eu sou velha ramo, eu sou proprietária legítima dessa casa. Ela ta entrando agora no ramo. Então eu quero deixar bem claro pra você, eu gostei muito de você, eu fui muito honesta de você e lhe paguei direitinho e tudo. Eu não quero perder sua amizade. Tá entendendo?

Vela: Com certeza.

Beth Cuscuz: Eu quero lhe contratar novamente. Eeeu, eu quero lhe contratar novamente. Se a Claudia estava te pagando 30 reais por cada mulher, eu pago 40. Pronto. Nera 30 por cada mulher?

Vela: Era.

Beth Cuscuz: Pois eu pago 40. Eu não quero perder sua amizade. Pois quando você tiver uma menina bonita ai, que queira mandar para cá, se quiser mandar pra cá, se você quiser vim, passar uma semana, duas aqui, a porta está aberta. E eu lhe pago o que estou dizendo aqui para você. Porque eu sou a proprietária dessa boate antiga, são 25 anos de casa. Ela está entrando agora, a dona mesmo legítima sou eu.

Vela: Ai eu to indo para o Sul, que o Geovani ajeitou lá para mim ir, então quando eu voltar eu entro em contato com a senhora.

Beth Cuscuz: Pois entre, meu filho, entre em contato comigo, e ajeite umas meninas bonitas para mim, que eu coloco na sua conta 40 reais por mulher. Não se preocupe que eu pago esse dinheiro.

Vela: E até de lá mesmo, se aparecer alguma menina lá do Sul eu entro em contato com você.

Beth Cuscuz: Eu lhe agradeço muito. Lhe agradeço demais mesmo. Tá entendendo?

Vela: Isso ai não se preocupe, pode ficar tranquila, que eu vou voltar ai.

Beth Cuscuz: Porque você é uma pessoa muito bacana.

Preços da boate para as "funcionárias":

A suposta secretária de Beth Cuscuz, conhecida como Rejane, que seria o braço direito da dona da boate, conversa com uma menina que queria voltar para a boate, chamada de Letícia. Na gravação ela pede para Rejane comprar as passagens para Letícia voltar à boate e pergunta como está o “sistema” de trabalho na casa.
Imagem: ReproduçãoGarotas sendo levadas para a Cico.(Imagem:Reprodução)Garotas sendo levadas para a Cico.

Confira a conversa de Letícia (prostituta) e Rejane (secretária de Beth):

Letícia: Alô, Rejane?

Rejane: Oi, Letícia. E aí, você fala que vem e não vem?

Letícia: Sim, eu liguei agora porque eu quero que tu tire minha passagem, né?.

Rejane: Huum.

Letícia: Deixa eu te falar, é porque ontem eu conversei com uma menina aqui, que foi prai.
Como é que está sendo o sistema daí?

Rejane: Como assim, sistema como?

Letícia: Tipo assim, quanto está sendo a semana?

Rejane: Nam, a semana é 150, a bebida e a saída 120. A mesma coisa.

Letícia: Pois a menina falou que a saída aqui era 200 reais. Que a Claudinha botou para 200 reais. Cada vez que você saísse com um cliente você tinha que pagar, que você tinha que consumir 200 reais. Olha a história que ela tava contando aqui?

Rejane: Não. Quem foi que disse isso?

Letícia: Uma, Pietra, Pietra de Salvador.

Rejane: E a Pietra ta é ai em Porto Alegre?

Letícia: Tá. Sabe quem é?

Rejane: Eu sei. É uma morena alta.

Letícia: Isso, que ta loira agora.

Rejane: Ai e é? Não. Isso é mentira.

Letícia: Pois ela contou, assustando as menina. Tava contando no banheiro. “Eita que a Claudinha acabou lá. Lá não é a mesma coisa não. Agora toda vez que você sair tem que consumir 200 reais”.

Rejane: Não, não. Continua sendo 120 reais a saída e 150 a semana.

Letícia: Ai 120, ta no mesmo sistema consumo 120 e você sai quantas vezes você quiser.

Rejane: É sim!

Letícia: Ah! Tá. Pois ela tava assustando as meninas, acredita? Pois eu vou falar com a Rejane para saber que d... é isso!

Sonegação de impostos

Em outra gravação, Rejane fala com Alan, que seria o dono do site pecado casual, o qual a secretária de Beth Cuscuz também funcionava como uma espécie de "sócia". Na gravação, Rejane reclama das dívidas trabalhistas que a boate teria com ela e com outros funcionários e afirma que havia sonegação de imposto de renda das proprietárias da casa.

Veja a conversa de Rejane e Alan:

Rejane: Hora extra num recebo

Alan: Testemunha não falta

Rejane: Não, testemunha Marilene, Porpola, Tia Dal (risos)

Alan: FGTS

Rejane: Meu FGTS, que ela nunca depositou, que ela está no pau, por causa disso. Porque quando foi para ela abrir lá o negocio dela lá com a Claudia, o capital de giro que elas botaram lá para sonegar para imposto de renda, lá na Junta Comercial foi R$ 20 mil. Como é que ela ganha 20 mil se o aluguel dela é 4 mil, o do Rancho é 3 mil, são é 7 mil e a folha de pagamento dá 5 mil, que são 17, comigo são 17, né?

Alan: Hum rum

Rejane: Então, como é que só ganha 20 mil e ela fica com três mil para elas duas? Não existe isso, né? Claro.

Alan: Hum rum

Rejane: Então assim, elas fizeram dois balancetes da empresa, um para a Junta, no valor de 20 mil e fica baixo e um para o Banco do Brasil para aumentar o capital de giro, no valor de 600 mil, entendeu?

Alan: Huum. Entendi.

Rejane: E esse balancete quem tem sou eu.

Alan: Ei, cuidado, pelo amor de Deus. Porque isso ai é o tipo de coisa que se for apresentado em audiência pode gerar um ódio mortal.

Rejane: Claro!

Alan: Vai gerar um ódio mortal. Então...

Rejane: Ota, que tem uma brecha na lei que elas não sabem, que é o seguinte: as casas delas nenhuma é no nome dela. Ela tem seis casas, nenhuma é no nome dela.

Alan: Ah! Então nisso aí pelo menos ela foi esperta.

Rejane: Calma Alan, eu ainda não cheguei onde eu queria. Nenhuma é no nome dela, uma é no nome da filha. Só que o seguinte, tem uma Lei Trabalhista, que as filhas dela não trabalham, nunca trabalharam, não herdaram e nem os maridos não trabalham nenhum, e como é que elas têm esses bens Alan, me responde? Elas tiraram da onde? De dentro da empresa EL Ferreira de Oliveira. Então assim, ela deixou de pagar os encargos trabalhistas de todos os funcionários, folha de pagamento, para abrir pessoais dela. Então a lei diz o seguinte: se você não herdou, nem ganhou, nem trabalhou então é de alguém é da empresa. Se a empresa deve muito aos funcionários, esses bens é dos funcionários. Ela não sabe disso que eu sei. Nisso ai tudo, Alan, que vou me apegar, vou botar um bom advogado. Ota, ainda tem mais o seguinte, ela pode dizer que as casas não é dela, só que o seguinte, eu tenho o contrato dela com as imobiliárias, dela é a dona das casas no contrato de aluguel.

Alan: E ela quem recebe?

Rejane: Ela que recebe. Então eu to muito decepcionada. Rapaz, que vou quebrar ela, eu quero é quebrar ela mesmo.
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Willame Moraes

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