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Superação: Ex-dependente químico se forma em Direito em Teresina

Carlos Eduardo passou por processo de ressocialização na Fazenda da Paz. Hoje ele é coordenador de cursos de pós-graduação de uma faculdade e já passou na primeira fase da OAB.

Da criminalidade aos estudos. Após passar por processo de ressocialização na Fazenda da Paz, em Teresina, Carlos Eduardo Sousa Costa ingressou no ensino superior e tornou-se bacharel em Direito. Nessa quarta-feira (20), aconteceu a formatura de sua turma pelo Centro de Ensino Superior Vale do Parnaíba (Cesvale), momento em que comemorou os frutos de sua transformação.

  • Foto: Facebook/Célio BarbosaCarlos Eduardo.Carlos Eduardo em sua colação de grau.

“Eu acredito muito no ser humano e na transformação do ser humano”. As palavras do coordenador-geral da comunidade terapêutica Fazenda da Paz, Célio Barbosa, revelam a esperança no processo de ressocialização das pessoas. Em entrevista ao Viagora, ele destacou a história de Carlos como exemplo de superação.

Célio relata que a entidade trabalha com base no tripé oração-trabalho-disciplina e busca a reinserção de dependentes químicos na sociedade e mercado de trabalho. Agora ele comemora o fato do rapaz ter seguido caminhos diferentes. “Carlos Eduardo pra nós é um exemplo porque, da onde ele saiu, a maioria sai de lá morto”, disse.

  • Foto: Facebook/Célio BarbosaCarlos Eduardo e Célio Barbosa.Carlos Eduardo e Célio Barbosa celebram momento.

Carlos Eduardo cobrava pedágio no bairro Ilhotas, antes de começar o tratamento. Ele entrou na Fazenda da Paz quando estava na 7º série do antigo ginásio, hoje chamado de ensino fundamental. Estudou curso técnico em Administração, através de parceria da entidade com o Instituto Federal do Paraná (FPR), e concluiu o ensino médio através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele ingressou no ensino superior em 2014, formando-se em 2018.

  • Foto: Facebook/Célio BarbosaO coordenador da instituição diz que Carlos chegou estraçalhado pelas drogas.O coordenador da instituição diz que Carlos chegou "estraçalhado pelas drogas".

Aos 28 anos de idade, o jovem celebra a mudança de vida e enfatiza seu sentimento de gratidão. Ao Viagora, ele disse que seu sentimento, nesse momento, “é de alegria, satisfação, de dever cumprido”.

“A graduação me propôs um ensinamento diferenciado, de possibilidades de conquistas. Eu entrei na Fazenda desacreditado, como usuário de drogas, como todos aqueles que lá entram. Passar pelo processo de tratamento dentro da Fazenda da Paz, sair com 21 anos de idade e retornar os estudos cursando a 7ª série e hoje, com 28 anos, bacharel em Direito... Então foi toda uma trajetória estudantil de conquistas que me possibilitou a ter ânimo, a continuar com meus estudos de formação. Eu posso, eu consigo, se eu quiser, manter esse ritmo de estudos. Além de uma certificação de graduação, é uma certificação de possibilidades de conquistas, que eu vou ter ao longo da minha vida, com fé em Deus”, disse.

Carlos começou a trabalhar no Cesvale como zelador e hoje é coordenador de cursos de pós-graduação. Já foi aprovado na primeira fase do Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e deve fazer a segunda etapa no mês de maio. Ele pretende exercer a advocacia e, concomitantemente, fazer pós-graduação em Docência do Ensino Superior.

O coordenador da instituição governamental, Célio Barbosa, acredita que a dependência química é uma questão social e, como tal, deve ser pensada por toda a sociedade. “É uma responsabilidade de todos nós. A gente transfere pra escola, transfere pra igreja, transfere pra medicina, transfere pro Governo, mas a questão da dependência química nasce dentro da nossa família. Somos corresponsáveis e nos tornamos também codependentes. O que eu quero dizer para as pessoas é que tem jeito, tem jeito a transformação”, enfatizou.

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