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Tribunal do Júri condena Edilson Rodrigues a 19 anos e meio de cadeia pela morte Leoneide Ferreira

Os sete jurados entenderam que o ex-jogador cometeu um homicídio duplamente qualificado.

O Júri Popular de Teresina aplicou uma pena de 19 anos e seis meses de prisão ao ex-jogador de futebol Edilson Rodrigues dos Santos, 51 anos. Ele permanecerá preso em regime fechado pelo assassinato da esposa, a dona de casa Leoneide Ferreira, 34 anos.
Imagem: ReproduçãoEdilson Rodrigues dos Santos(Imagem:Reprodução)Edilson Rodrigues dos Santos

Os sete jurados entenderam que o ex-jogador cometeu um homicídio duplamente qualificado. "As qualificadoras são motivo torpe e uso de meio que impossibilitou a defesa da vítima", explicou o promotor João Malato. Em setembro de 2009, Edílson desferiu 11 facadas na ex-esposa. Ciumento, não aceitava o fim do relacionamento, encerrado um ano antes por vontade da vítima.

Leoneide ainda resistiu três meses aos ferimentos provocados pelo pai de seus filhos. Morreu em dezembro do mesmo ano, em um leito do Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

Os familiares da vítima ficaram insatisfeitos com o resultado do julgamento. "É a Justiça dos homens, infelizmente", lamentou Haroldo Santos, cunhado de Leoneide. O filho mais velho do casal, Lothar Matthaus Ferreira, 18 anos, não quis comentar a sentença. Familiares afirmam que o jovem ficou revoltado com a pena a que o pai foi condenado.

Mais cedo, Matthaus havia manifestado o desejo de que fosse aplicada a maior pena cabível, 30 anos de prisão. O adolescente não mantém mais qualquer vínculo com o pai. "Ele morreu na noite que esfaqueou a minha mãe. O mínimo que pode ser feito é pena máxima. Os dois morreram naquela noite", declarou.

O julgamento de Edilson começou por volta das 9 horas desta sexta e se estendeu até a noite. Sete testemunhas foram ouvidas - quatro de acusação e três de defesa. Amigos e familiares da vítima lotaram o Fórum.

O ex-jogador esfaqueou a mulher no dia 1º de setembro de 2009, no bairro Porto Alegre, zona Sul de Teresina, quando ela chegava à casa de uma amiga. À época, o casal estava separado havia um ano.

O acusado passou quase três anos foragido e só foi capturado em julho deste ano, em Santo André (SP).

Durante o depoimento, Edilson alegou que a causa da morte de Leoneide não foram os golpes de faca, mas sim negligência médica. "Ela estava bem, sorrindo, conversando com as pessoas. Eu soube que pôr negligência ela morreu. Ela não morreu por causa das perfurações, mas alguma coisa aconteceu no hospital", afirmou.

O réu disse, ainda, que não tinha a intenção de matar a ex e que levou a faca apenas para se defender dos irmãos dela, que, segundo ele, o ameaçavam. "Eu estava no portão e, quanto ela foi entrar, eu puxei a faca. Nem sabia quem era que estava vindo. Sem intenção, eu a acertei. Eu só lembro da primeira facada", relatou.

O acusado também negou que tenha sido um esposo violento. Disse que nunca agrediu a mulher e que desconhece a existência dos onze boletins de ocorrência que, de acordo com a Promotoria, foram registrados contra ele pela esposa, na Delegacia da Mulher.

A primeira testemunha a depor foi a irmã da vítima, Lesoneide Ferreira. Ela contou como Edilson ameaçava a esposa. "Ele dizia: "Se você não voltar, eu vou acertar no seu ponto fraco", se referindo aos filhos [do casal] e aos nossos pais", declarou.

Em seguida, foi ouvida Eva Vilma Fonseca, amiga de Leoneide e testemunha ocular do crime. Ela relatou que as duas estavam chegando à sua casa quando foram surpreendidas por Edilson. "A mão dele não parava [de esfaqueá-la]. Ele queria matá-la mesmo, não era só machucar", afirmou.

Ela disse que também foi ferida por Edilson, na mão esquerda, quando tentou sair pelo portão para buscar ajuda. Segundo ela, um ano antes do crime, o acusado chegou a confeccionar camisetas com a foto de Leoneide e a frase "Saudades!", como um prenúncio de que mataria a esposa.

Depois, foi a vez de a delegada Vilma falar. Ela foi chamada a depor pela equipe de acusação, por ser a delegada que conduziu o inquérito do caso, tendo sido procurada várias vezes por Leoneide antes do assassinato. A vítima se queixava sempre de agressões e de estar sendo submetida a cárcere privado.

Em razão disso, Edílson chegou a ser preso e internado no Hospital Psiquiátrico Areolino de Abreu, mas acabou sendo liberado pela Justiça. "Ela sempre pedia socorro, dizia que ele iria matá-la. Quando o prendemos por cárcere privado, foi a própria irmã dele quem denunciou. Ele agiu de forma intencional", pontuou a delegada.

Durante a fala das testemunnhas de acusação, o réu foi retirado do plenário, para evitar constrangimentos. Foram arroladas pela acusação: a irmã de Leoneide, Lesoneide Ferreira, duas amigas da vítima, Eva Vilma Fonseca e Maria do Desterro Sales, e a delegada Vilma Alves. Do outro lado, pela defesa, foram ouvidos: a irmã de Edilson, Elenice Maria dos Santos, e dois amigos do réu, Maria Ivone Ferreira dos Santos e Jeferson Moreno dos Santos.

Durante o julgamento, o promotor João Malato traçou um perfil do acusado. Segundo o representante do MP, Edilson Rodrigues tinha uma espécie de "ciúme doentio" pela vítima. Após a separação, chegou a pagar R$ 50 para que um jovem seguisse Leoneide e lhe repassasse informações da rotina da ex. O acusado premeditou o crime, sustentou o promotor. "Ele fez de tudo para matar a ex", diz Malato.

Após a promotoria, a defesa apresentou uma tese para o crime. De acordo com o advogado de Edilson, Dimas Batista, na época do homicídio, o acusado já estaria conformado com a separação. O assassinato, para a defesa, deve ser qualificado como lesão seguida de morte, já que não havia intenção de matar, apenas lesionar. Ainda dentro da mesma tese, o advogado defendeu que a vítima morreu em decorrência de uma infecção generalizada, adquirida no hospital.
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