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Família é intimada novamente para desocupar terreno do Grupo Claudino em Teresina

A família que vive há mais de 40 anos no terreno na zona Leste, recebeu na manhã desta terça-feira (28), uma nova ordem de despejo.

  • Alexia Dias/ Viagora Família que vive em terreno do Grupo Claudino recebe ordem de despejo.1 / 6 Família que vive em terreno do Grupo Claudino recebe ordem de despejo.
  • Alexia Dias/ Viagora Família que vive em terreno do Grupo Claudino recebe ordem de despejo.2 / 6 Família que vive em terreno do Grupo Claudino recebe ordem de despejo.
  • Alexia Dias/ Viagora Família que vive em terreno do Grupo Claudino recebe ordem de despejo.3 / 6 Família que vive em terreno do Grupo Claudino recebe ordem de despejo.
  • Alexia Dias/ Viagora Francinete da Silva4 / 6 Francinete da Silva
  • Bruna Sousa / Viagora Construção de mansão do Grupo Claudino.5 / 6 Construção de mansão do Grupo Claudino.
  • Divulgação/ Arquivo Pessoal Mandado de reintegração de posse6 / 6 Mandado de reintegração de posse

Sem prazo ou lugar para onde ir, a família Silva que vive no terreno do Grupo Claudino acordou nesta terça-feira (28), com uma nova ordem de despejo, desta vez para se retirar do local imediatamente. Três viaturas da Polícia Militar e um oficial de Justiça estiveram no imóvel, onde residem 22 pessoas, localizado na Rua Cícero Carvalho, no Planalto Ininga, zona Leste de Teresina.

Dona Maria da Conceição chegou em 1982 para habitar o terreno e desde então novas gerações surgiram, são crianças, gestantes e idosos. No local foram construídas casas humildes, de taipa, onde, paralelamente, a família do empresário está construindo uma mansão.

A nora da matriarca, Francinete da Silva, explicou a reportagem do Viagora que a situação tem se arrastado há anos mesmo com as diversas tentativas de buscar auxílio através de órgãos públicos ou com os proprietários da área.

“Eles não nos deram prazo. Nós não temos para onde ir ou ajuda de alguém, nem de órgão, mesmo tentando. Temos que sair imediatamente do terreno. Tentamos todas as negociações com o grupo Claudino e com a Semduh, a Semcaspi, através de ofício”, afirmou.

A dona de casa relatou ainda que os moradores receberam duas propostas dos filhos de João Claudino, ambas não garantiam um local digno para viver. Foi oferecida uma moradia pequena e precária no Centro da capital, bem como um terreno com invasão de terra.

“Eles nos ofereceram uma casa no Centro deteriorada que não cabia todos, e nem tinha terreno, era preciso fazer outras casas. O engenheiro chegou aqui e nos disse que não dava para morar lá porque a casa estava caindo, é pequena demais, não cabe cinco famílias com crianças. A outra opção foi um terreno que nós fomos averiguar e era uma invasão, inclusive fomos até expulsos por dois policiais que estavam brigando pelo terreno há 12 anos na Justiça, por isso não aceitamos a proposta”, descreveu.

Para Francinete, que vive no terreno há 22 anos, o descaso gera angustia para toda a família que se sente esquecida e desamparada pelo Poder Público.

“A sensação de ser desprezada pelo poder público, pelos órgãos que deveriam apoiar as pessoas humildes que precisam e são necessitadas. Tem tantas pessoas por aí que não precisam de casas, eles tem várias casas e nós que estamos precisando, correndo para todos os órgãos, não estamos sendo atendidos”, disse a dona de casa.

O sofrimento com as ações de despejo tem afetado, inclusive, o psicológico de suas filhas, uma de 10 anos e outra de 5 anos. A moradora conta que não possui renda fixa e busca atendimento no CAPS do Morada do Sol, diante da falta de assistência por parte dos proprietários.

“Vivemos aqui há mais de 45 anos, são cinco famílias, com gestantes, crianças de 11 meses, com autismo, TDH, depressão, além de idoso e animais. Não temos renda fixa, trabalho, nossa renda é do Bolsa Família. Não temos para onde ir e minhas filhas estão com problema psicológico por conta dessa situação que acontece há muito tempo”, afirmou.

Francinete afirmou que a família aguarda uma decisão da Justiça que garanta um lugar para chamar de lar, onde tenham qualidade de vida, conforto e segurança, um direito básico.

“Espero que a Justiça seja usada para ajudar as pessoas que precisam, que eles nos vejam, que olhem para nós e ajudem. Que eles deem um lugar para a gente ficar, pois não temos para onde ir. Ninguém quer tomar nada de ninguém, só queremos um lugar digno para morar”, explicou.

Sobre o caso

A Justiça deferiu, em janeiro de 2020, o requerimento de posse e a propriedade plena em favor do grupo empresarial, desta forma foi determinado que os residentes desocupassem o local em 60 dias, sob pena de multa diária. A Defensoria Pública recorreu a decisão e a reintegração de posse foi suspendida devido a pandemia.

Já em maio deste ano, a juíza Lucicleide Pereira Belo, da 8ª Vara Cível da Comarca de Teresina, determinou a expedição de mandado de reintegração de posse de um terreno de propriedade do Grupo Claudino S/A.

Outro lado

O Viagora procurou o empresário João Vicente Claudino para falar sobre o assunto, mas até o fechamento da matéria ele não foi localizado. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.

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