Viagora

Foragido, suspeito de chefiar facção criminosa, é recapturado em Manaus

"Nanico" é considerado o fugitivo da Ipat mais perigoso pela polícia. Alan de Souza Castimário foi encontrado no Ramal do Baiano, no Tarumã.

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarAlan Castimário foi preso em novembro do ano passado com outros sete supostos integrantes de uma quadrilha de tráfico de drogas(Imagem:Reprodução)Alan Castimário foi preso em novembro do ano passado com outros sete supostos integrantes de uma quadrilha de tráfico de drogas
Alan de Souza Castimário, o "Nanico", considerado pela polícia como um preso de alta periculosidade, foi recapturado na noite da sexta-feira (12). Ele é um 176 dos presos que fugiram do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) na terça-feira (9).

A prisão aconteceu no Ramal do Baiano, bairro Tarumã, Zona Oeste de Manaus. "Nanico" é apontado por ser diretamente ligado uma facções criminosas do Amazonas e responde por crimes de tráfico de drogas e de execução de pessoas na capital.

Segundo o delegado da Secretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP), Mário Paulo, a recaptura aconteceu por volta de 23 horas e "Nanico" estava escondido em uma plantação de capim de uma fazenda localizada no Ramal do Baiano. "Possivelmente ele estava aguardando resgate de companheiros. Ele estava escondido em uma mata e não foi difícil capturá-lo porque era um local aberto. Ele é extremamente perigoso por fazer diversas ameaças a juízes e promotores", afirmou Mário.

A detenção aconteceu após denúncia anônima. O delegado Mário Paulo ressaltou a importância do apoio da população para que sejam realizadas as recapturas dos foragidos do Ipat. "Os foragidos estão realizando diversos furtos de alimentos, água e roupas na região do Tarumã. Então estamos contando bastante com o apoio da população e precisamos manter essa parceria", enfatizou o delegado. À polícia, Alan Castimário insistiu em dizer que não tem envolvimento com a fuga do Ipat.

A operação de recaptura foi coordenada pela Secretaria de Inteligência da SSP do Amazonas e contou com o apoio de policiais do canil, da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), do Grupo Fera da Polícia Civil, e da Força Tarefa da SSP. "Nanico" deve ser reconduzido ao Ipat.
Prisão de companheiro de "Nanico"

Também no Ramal do Baiano, a operação prendeu um homem de 41 anos suspeito de cometer o crime de tráfico de drogas e ser diretamente ligado a Alan de Souza Castimário. Segundo a polícia, o homem não é foragido do Ipat, mas foi preso em cumprimento ao mandado de prisão por tráfico de drogas, expedido no último dia 19 de fevereiro, pelo juiz Julião Lemos Sobral da 3ª Vara Especializada em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecente (Vecute).

Segundo informações da Secretaria de Inteligência da SSP, a prisão aconteceu por volta de 20h da sexta. Para o delegado Mário Paulo, o homem estava na companhia de "Nanico" possivelmente para resgatá-lo. "Ele tinha dois mandados de prisão em aberto e foi preso momentos antes e bem próximo ao local onde foi encontrado Alan Castimário. Eles respondem pelo mesmo processo na 3ª por associação e tráfico de drogas e tem forte envolvimento com uma facção criminosa", relatou o delegado.

O possível comparsa de "Nanico" foi encaminhado ao 18º Distrito Integrado de Polícia (DIP), e seguiu para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal, no Centro de Manaus, onde ficará à disposição da Justiça.

Histórico criminal

Alan de Souza Castimário, vulgo "Nanico", e outros sete supostos integrantes de uma quadrilha de traficantes foram presos em novembro do ano passado em uma casa no Conjunto Versalles, na Zona Oeste de Manaus, por policiais da Secretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Amazonas.

Na época, a polícia encontrou drogas e 18 armas com o grupo. À polícia, os homens negaram manusear o armamento, mas os policiais identificaram fotografias no celular de um deles em que dois dos envolvidos se exibiam com várias das armas.

Segundo a polícia, além de comandar a distribuição de drogas em vários bairros de Manaus, a quadrilha também é suspeita de ser responsável por diversas mortes na capital com características de execução. Com a suposta quadrilha, também foram apreendidos coletes à prova de balas e uma sirene da polícia que os homens supostamente usavam para se passarem por policiais.

De acordo com a Secretaria de Inteligência do Amazonas, a maioria das vítimas da quadrilha tinha algum envolvimento com o tráfico de drogas. A pasta acredita ainda que as ordens
saíam dos presídios do Estado.

Alan Castimário é apontado como líder do grupo e já havia sido preso em 2011 com drogas e armas na Operação Aliança, mas foi liberado pela Justiça meses depois.

Crise no sistema penitenciário
O sistema penitenciário do Amazonas vem passando por mais uma fase ruim. O problema começou na segunda-feira (8) na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, com a divulgação de imagens de presas que usavam redes sociais de dentro do presídio. Com acesso à internet, elas relatavam o dia a dia na cadeia e mostravam que tinham regalias, como uma manicure que atendia à ala feminina.

Após a polêmica das redes sociais, a Sejus realizou revista na unidade e apreendeu celulares, carregadores, tesouras e armas artesanais. As 17 presas identificadas nas imagens foram transferidas para o isolamento no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj).
No dia seguinte, terça-feira (9), 11 pessoas foram feitas reféns durante rebelião que durou mais de 8 horas no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat). Durante o motim, 144 detentos conseguiram fugir da cadeia. Após a fuga, o secretário de Justiça, Wesley Aguiar, admitiu a fragilidade do sistema penitenciário no Amazonas. "Se os presos quiserem fazer uma rebelião, eles vão fazer", disse.

Em entrevista na quarta-feira (10), o governador Omar Aziz também falou sobre a situação. Para Omar, a principal causa é a grande quantidade de presos. "Acontece que estamos prendendo muita gente. E ali não tem ninguém de bem. Lá, estão pessoas que fizeram algum mal à sociedade. Isso é reflexo da nossa proposta de acabar com algumas mordomias que existem", afirmou. Omar disse ainda que "eles [os presos] têm muito mais receio do Governo do que o Governo deles".

Na quinta-feira (11), a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa também registrou uma rebelião. Os presos incendiaram colchões e houve ainda conflito na área externa da cadeia, com familiares de detentos tentando invadir a unidade prisional. Ao todo, segundo a Sejus, 53 presos ficaram feridos no motim e 60 foram transferidos da unidade.

Uma crise semelhante resultou na exoneração do antigo secretário de Justiça, Márcio Meirelles. Na ocasião, em março, 42 presos fugiram do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) por um túnel. Um documento divulgado com exclusividade apontava que a Sejus tinha conhecimento de que os presos realizariam a fuga em massa. No mesmo mês, oito detentas fugiram da ala feminina da Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa. As presas escalaram a muralha da unidade com a ajuda de uma corda artesanal, conhecida como "Tereza".

Dias após a fuga, dois presos morreram em menos de 24h na mesma cela da Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. As mortes ocorreram na noite do dia 19 e madrugada do dia 20 de março.
Mais conteúdo sobre:

Partido dos Trabalhadores - PT

Facebook
Veja também