Mercado reduz previsão da taxa Selic para menos de 12% ao ano
De acordo com o Boletim Focus, a previsão é de que a taxa básica de juros encerre 2023 em menos de 12% ao ano
Na última semana, a taxa Selic, juros básicos da economia, sofreu redução de 0,5 ponto percentual, o que causou uma expectativa de uma diminuição ainda maior, até o final de 2023, por parte das instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC). Devido à forte queda da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortou os juros pela primeira vez desde agosto de 2020, levando a Selic de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano.
De acordo com estimativa publicada no Boletim Focus desta segunda-feira (7), a previsão para o valor em que a taxa básica deve encerrar 2023 foi modificada de 12% ao ano para 11,75% ao ano. A pesquisa tem seus resultados divulgados semanalmente pelo Banco Central, apresentando a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
A previsão do Boletim ainda estima que a taxa básica, para o fim de 2024, sofra redução para 9% ao ano. Já a previsão da Selic para o fim de 2025 e 2026 é de 8,5% ao ano, para ambos os anos.
Em agosto de 2020, última ocasião em que a Selic foi reduzida, o BC foi motivado pela contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19 e diminuiu a taxa básica de 2,25% ao ano para 2% ao ano. Após o corte de juros, o Copom iniciou, em meio à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis, um ciclo em que, desde março de 2021, a Selic sofreu aumento por 12 vezes consecutivas. Apenas em agosto de 2022 a taxa foi modificada, mas passou a ser mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a taxa Selic é a principal ferramenta do Banco Central para a alcance da meta de inflação.
Ao aumentar a taxa básica de juros, o Copom busca conter a demanda aquecida, o que tem consequências nos preços, já que os juros mais altos estimulam a poupança e encarecem o crédito. Entretanto, os bancos consideram não só a Selic para a definição dos juros cobrados dos consumidores, como também risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Assim, a expansão da economia pode ser dificultada pelo aumento das taxas.
Por outro lado, quando o Copom aplica redução da Selic, o crédito tende a tornar-se mais barato, o que incentiva a produção e o consumo, além de diminuir o controle sobre a inflação e estimular a atividade econômica.
O Boletim Focus desta segunda-feira (7) ainda publicou a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, que foi mantido em 4,84% em 2023. Já para o próximo ano, a projeção da inflação foi definida em 3,88%. A previsão do Índice ficou em 3,5% para os anos de 2025 e 2026.
Para 2023, a estimativa é de que o teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC deve ser superado. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, isto é, o limite inferior é 1,75% e o superior é 4,75%.
De acordo com o último Relatório de Inflação realizado pelo Banco Central, há chance de 61% de que a inflação oficial supere o teto da meta em 2023.
Para 2024, a projeção do mercado para a inflação também se encontra acima do centro da meta prevista, que está fixada em 3%. Neste valor, a projeção ainda está dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
No mês de junho, houve diminuição nos preços, quando comparados ao mês de maio, o que significa deflação no país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA ficou negativo em 0,08%, marcando o quarto mês seguido em que a inflação perdeu força. O Índice ficou em 0,23% no mês de maio.
O Índice soma, no ano, 2,87%. Durante os últimos 12 meses, o IPCA marcou 3,16% abaixo dos 3,94% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores, seguindo a tendência de queda observada desde junho de 2022, mês em que o índice esteve em 11,89%.
Por sua vez, a projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira no ano de 2023 sofreu aumento de 0,02%, indo de 2,24% para 2,26%.
Para o próximo ano, o mercado espera que o Produto Interno Bruto (PIB), que define a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, tenha crescimento de 1,3%. Para os dois anos seguintes, 2025 e 2026, a expectativa é de expansão do PIB em 1,9% e 2%, respectivamente.
A cotação do dólar, para o fim de 2023, está prevista para R$ 4,90. Já para o encerramento de 2024, o mercado prevê que a moeda americana seja cotada em R$ 5,00.
Por Rebeca Negreiros
Com informações da Agência Brasil
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic)
Boletim Focus
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
Comitê de Política Monetária (Copom)
Banco Central
Inflação
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