Polícia Civil pode abrir inquérito para investigar gestão do prefeito Dr. Pessoa

O Viagora procurou o prefeito Dr. Pessoa que não atendeu às ligações. O dono da Santana Distribuidora, Thiago Soares, disse que todos os contratos estão de acordo com a lei.

A Polícia Civil do Piauí, através da Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (DECCOR-LD), poderá abrir inquérito contra a gestão do prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, para apurar indícios de irregularidades em 12 contratos celebrados sem licitação pela Secretaria Municipal de Educação, ao custo total de R$ 32 milhões.

Nessa segunda-feira (4), o Vigora esteve na sede da DECCOR, coordenada pelo delegado Ferdinando Martins, e obteve informações de que a Polícia Civil está ciente, analisando preliminarmente os fatos e que existe a possibilidade de instaurar inquérito policial.

Foto: Letícia Dutra/ Viagora
Delegado Ferdinando Martins, coordenador da Deccor

Entenda o caso

A gestão do prefeito Dr. Pessoa, através da Secretaria Municipal de Educação, contratou 12 empresas sem licitação no dia 18 de janeiro deste ano ao custo total de R$ 32.856.000, 00 (trinta e dois milhões, oitocentos e cinquenta e seis mil reais) para compra de gêneros alimentícios perecíveis aos alunos da Rede Pública de Ensino.

Foto: Matheus Santos/Viagora
Prefeito de Teresina, Dr. Pessoa

Uma investigação minuciosa feita pela reportagem do Viagora detectou que dois empresários agraciados com contratos sem licitação na secretaria de Educação têm histórico policial: Gerson Santos Rocha, proprietário da empresa GSR Distribuidora de Alimentos Ltda, reponde a duas ações por improbidade administrativa e Thiago Soares Nunes, dono da empresa Santana Distribuidora, foi indiciado por falsidade ideológica em janeiro de 2020 pelo então delegado James Guerra, à época titular da Delegacia de Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Relações de Consumo (DECCORTEC).

Gerson Santos Rocha

Na primeira ação, o empresário foi acusado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público Estadual, de ter participado de um esquema sobre fraudes em licitações promovidas pelo então prefeito Raislan Farias dos Santos, do município de Passagem Franca do Piauí, nos anos de 2013 e 2016.

Já a segunda ação de improbidade trata novamente sobre fraude em licitação, desta vez realizada pela prefeitura de Agricolândia do Piauí, administrada pelo prefeito Ítalo James Alencar de Sousa Rodrigues.

Thiago Soares Nunes

O empresário Thiago Soares Nunes, proprietário da empresa Santana Distribuidora, foi indiciado por falsidade ideológica em janeiro de 2020 pelo então delegado James Guerra, à época titular da Delegacia de Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Relações de Consumo (DECCORTEC).

O indiciamento ocorreu a partir de inquérito policial instaurado a pedido da Junta Comercial do Piauí (JUCEPI), que havia enviado documentos apresentados por Thiago Soares, representante da empresa Guedes & Soares Distribuidora de Produtos Alimentícios Ltda., onde supostamente teria ocorrido clonagem contida em aditivos adulterados, os quais não foram arquivados na JUCEPI, o que pode configurar em crimes na relação de consumo, tipificados no art. 7, inciso VII, da Lei 8.137/90, cominados com o art. 299 do código penal.

As ações de improbidade e o inquérito policial, respectivamente, estão tramitando na Justiça piauiense sem data definida para julgamento.

Outro lado

O Viagora procurou o secretário de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Teresina, Thesco Silva, que ao ser questionado sobre a possível abertura de inquérito policial, pela Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, contra a gestão do prefeito de Teresina para investigar os 12 contratos sem licitação, não respondeu à reportagem. 

O prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, foi procurado para falar sobre o assunto, mas o gestor não atendeu às ligações. 

A reportagem também entrou em contato com o empresário Thiago Soares Nunes, proprietário da Santana Distribuidora, que concedeu a seguinte resposta sobre o caso:

“Não tenho nada a falar, tudo que eu participo é de forma eletrônica e não tenho contato com ninguém. Graças a Deus não tenho nada de errado, todos os contratos estão de acordo com a lei, se é publicado no Diário Oficial a gente participa, como vai ter amanhã e sexta-feira. Sempre participei quando dá lucro para a empresa. Não estou sabendo sobre o indiciamento de falsidade ideológica, não procede”, disse o empresário.

O dono da empresa GSR Distribuidora de Alimentos Ltda foi procurado, porém até o fechamento da matéria, Gerson Santos não foi localizado. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.

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