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Caso Fábio Brasil: Cara a cara com acusado, viúva do corretor confirma indícios

Tribunal do Júri realiza 1ª audiência para julgamento do caso

"O Fábio devia a várias pessoas em São Luís, mas só o Gláucio chegou a ameaçá-lo", disse a viúva do corretor de veículos Fábio Brasil, morto em março deste ano, na zona Sul de Teresina. Patrícia Martins deu essa declaração cara a cara com o acusado de ser o mandante do crime, o empresário maranhense Gláucio Alencar Fontes Carvalho.

Fábio foi morto a tiros, dentro do seu carro, em frente à revendedora de veículos Car Consult, localizada na Avenida Miguel Rosa. O crime foi investigado, em Teresina, pelo 6° Distrito Policial.

Nesta terça-feira (18), acusados e testemunhas estão sendo ouvidos no Tribunal do Júri de Teresina, na primeira audiência de instrução e julgamento do caso. Além de Gláucio, mais dois acusados foram trazidos do Maranhão, sob forte esquema de segurança, para participar da sessão. Eles se encontram presos há mais de seis meses, na capital maranhense, São Luís. O grupo é suspeito também de agiotagem.

Gláucio e Fábio Brasil tinham uma fornecedora de merenda escolar para prefeituras do Maranhão. De acordo com Patrícia, o crime aconteceu após Fábio sacar R$ 70 mil de uma conta da empresa. "Quando ele [Fábio] pegou os R$ 70 mil, surgiu a história de que o Gláucio iria mandar matar ele", afirmou Patrícia.

O advogado Nazareno Thé, responsável pela defesa de Gláucio, contesta. "Não existe nenhuma ligação entre o fato e os meus clientes. Ele [Fábio Brasil] devia dinheiro a muitas pessoas", disse.

Os outros dois acusados presentes à audiência são: o empresário José Raimundo Sales Chaves Júnior, vulgo Júnior Bolinha, e o policial militar do Maranhão Fábio Aurélio Saraiva Silva, mais conhecido como Fábio Capita.

Mais três pessoas respondem pelo assassinado, mas não foram recambiadas para Teresina nesta terça: o pai de Gláucio, José de Alencar Miranda Carvalho, Elker Farias Cardoso e Jonathan de Sousa Silva. Miranda está preso no Maranhão, já Elker e Jhonatan, em presídios federais, respectivamente, em Minas Gerais e no Mato Grosso do Sul.

Jhonatan, o atirador, confessou o crime. Ele contou à polícia ter sido contratado por Júnior Bolinha para executar Fábio Brasil. A arma utilizada pertenceria a Fábio Capita. Conforme denúncia do Ministério Público, após efetuar os seis disparos que deram cabo da vida do corretor, Jhonatan ligou para Bolinha dizendo que "o serviço estava feito". O assassinato teria sido acertado em R$ 100 mil. Para o MP, Bolinha agiu a mando de Gláucio e de seu pai.

A audiência de instrução é conduzida pelo juiz Antônio Nolêto, titular da 1ª Vara do Júri de Teresina. A acusação está a cargo do promotor de Justiça Benigno Filho. No plenário, também estão presentes o advogado Ezequiel Miranda, responsável pela defesa de Fábio Capita, e defensores públicos que assistem Júnior Bolinha. Jhonatan e Elker também contam com um representante na sessão.

Além de Patrícia, mais duas testemunhas foram ouvidas na manhã desta terça, proprietários de revendoras de veículos localizadas próximo ao local do crime. Eles viram Jhonatan atirar e sair caminhando normalmente, sem apressar o passo.

Fábio Brasil também tinha ligação com o mundo do crime, tendo, inclusive, sido preso pela Polícia Federal, em 2007, na Operação Valáquia. A operação foi deflagrada no Piauí e no Maranhão, para prender uma quadrilha especializada em invadir contas bancárias por meio da Internet.

A sua morte está relacionada ao assassinato do jornalista Décio Sá, ocorrido em São Luis, em abril deste ano. Os acusados de matar Fábio Brasil respondem também pela execução do jornalista e, por isso, se encontram detidos no Maranhão.

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