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Maconha uruguaia poderá ser vendida em farmácias

Presidente colombiano critica iniciativa; ministro quer que tema seja parte da política externa

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarCharge de Arotxa no jornal Charge de Arotxa no jornal "El Pais" do Uruguai
O governo uruguaio ainda não definiu se a produção da cannabis sativa, planta que origina a maconha, ficará nas mãos do Estado ou de organizações privadas. O comércio, porém, pode acontecer em farmácias, numa iniciativa que está despertando polêmica dentro e fora do país. Segundo o projeto de lei enviado ao Congresso na última quarta-feira, cada adulto consumidor poderá comprar até 40 cigarros de maconha por mês. O preço unitário também não foi definido por enquanto.

Julio Calzada, secretário-geral da Junta Nacional de Drogas, revelou ao jornal uruguaio “El Pais” nesta quinta-feira que, a princípio, a produção deve ser estatal.

Temos que tomar medidas para não afetar os países vizinhos. Para que não sejamos acusados de ser um centro de fabricação e distribuição de drogas. Por isso, nos parece melhor o controle do Estado sobre a produção da droga - defendeu Huidobro.

Segundo Calzada, quem fumar a maconha vendida pelo governo terá que seguir as mesmas regras que os fumantes normais: não será permitido usar a droga em espaços públicos. Além disso, quem ultrapassar a quantidade estabelecida poderá ser obrigado a se submeter a tratamento médico - medida que tem despertado a desconfiança de consumidores da droga.

O Ministério da Defesa uruguaio informou que o comércio ilegal de maconha rende US$ 75 milhões de faturamento por ano para os traficantes, que tem entre 120 mil e 150 mil consumidores no país. Além disso, os traficantes lucram ainda com vendas de drogas para outros países e lavagem de dinheiro.

Colômbia olha iniciativa com desconfiança

A preocupação de Calzada tem fundamento. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, criticou na manhã desta quinta-feira na Rio+20 a decisão do Uruguai de apresentar um projeto para legalizar a venda da maconha em seu país. Sem citar nomes, ele disse que as decisões unilaterais podem "ampliar o problema". Dizendo que seu país foi o que mais sofreu no mundo com o narcotráfico, Santos afirmou que as decisões sobre o tema precisam ser embasadas:

O problema do narcotráfico é um problema transnacional. Se um país toma uma decisão unilateral pode criar distorções e ampliar o problema - disse o presidente colombiano.

Santos lembrou que o tema é muito importante e que na última cúpula da Organização dos Estados Americanos (OEA), que ocorreu este ano na Colômbia, foi decidido criar um grupo de especialistas para estudar as melhores formas de se tratar do caso. Ele falou que o grupo está avaliando todos os meios de se tratar a droga: da proibição total asiática, que chega a condenar a morte traficantes, à legalização e liberação do consumo. Santos defendeu ainda que as decisões precisam ser de grupos de países e baseadas em estudos.

Segundo o ministro de Defesa do Uruguai, Eleuterio Fernández Huidobro, o governo encabeçará uma luta nos fóruns internacionais para que a venda de maconha seja “uma política externa uruguaia”. O chanceler Luis Almagro apoia a posição.

Huidobro disse que “a opinião equivocada (de proibir a venda de maconha) do presidente Richard Nixon (ex-presidente americano) foi o que provocou todos esses desastres, declarando uma guerra que foi ganhada pelos traficantes”.
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