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Pai acusa médico de negar atendimento ao filho em Redenção do Gurguéia

De acordo com o médico Antônio Lucélio, faltou comunicação e que ele não omite socorro a ninguém e ama o que faz.

Nessa quarta-feira (09), um pai denunciou ao Viagora que seu filho de cinco anos, positivado para Covid-19, teve atendimento médico negado na Unidade Básica de Saúde Amilton Nogueira, em Redenção do Gurguéia, no Piauí.

O pai da criança, identificado como Tiago Alves, relatou o ocorrido nessa terça-feira (08). “Antes de sair para trabalhar, eu senti meu filho meio quentinho, mas como de costume deixei ele com minha mãe e fui trabalhar. Quando voltei meio dia, minha mãe disse que ele tinha vomitado umas quatro vezes e mesmo com medicamento, a febre não baixava, quase 39°. Depois ele começou a sentir fortes dores na cabeça e na barriga, então resolvemos levar ele no hospital’’, contou.

De acordo com Tiago, ele fez o teste de covid no filho com uma técnica de farmácia e a criança testou positivo. "Entramos em contato com o posto que atende Covid e falaram que nao tinha mais vagas, explicamos o caso e depois decidimos ir no postinho porque ele não estava bem de jeito nenhum".

O pai explicou que chegou ao hospital questionando por atendimento. “Quando cheguei no hospital, encontrei uma técnica, perguntei se estava tendo atendimento, aí ela disse que o médico estava no último atendimento e que não ira atender mais ninguém".

Ainda segundo o pai, após explicar a situação do filho, ele foi enviado para triagem. “Eu expliquei a situação do meu filho, que era criança e tinha prioridade. E isso era 15h, fazia apenas 1 hora que o médico, o Dr. Lucélio, estava atendendo, que plantão é esse? Depois, eu disse que ia falar com ele, mas a enfermeira foi falar com ele, e resolveram levar meu filho pra triagem’’, desabafou.

De acordo com Tiago, enquanto seu filho passava pela triagem, o médico foi embora e não prestou atendimento à criança. “Enquanto estava na triagem, a enfermeira já veio explicando que o médico tinha ido embora e não atenderia ele, mesmo ela tendo explicando que se tratava de uma criança e a situação que ela se encontrava”, disse.

Após não conseguir atendimento, o pai da criança ligou para amigos enfermeiros que falaram com médicos e o auxiliaram com medicações. Segundo Tiago, a criança se encontra melhor e em estado de recuperação.

Outro lado

A reportagem procurou o Secretário Municipal de Saúde de Redenção do Gurguéia, Edizom Ribeiro que falou sobre o assunto:

“Estamos completamente indignados, é nosso princípio de conduta, a nossa orientação é que todos os pacientes, sobretudo casos de urgência, sejam atendidos. Nós estamos instaurando hoje uma sindicância para apurar administrativamente o fato e tomar as medidas cabíveis. Também orientamos o pai que pudesse fazer a denúncia tanto no Conselho Regional de Medicina, quanto na Polícia civil, porque no nosso entender seria uma missão de socorro”, afirmou.

O secretário falou ainda sobre as medidas cabíveis em relação ao médico. “Enquanto gestão, só podemos tomar alguma medida efetiva depois de apurar concretamente o ocorrido, então estamos montando uma sindicância composta por três pessoas para apurar o ocorrido. Depois disso, caso confirmados, vamos tomar as medidas administrativas cabíveis em relação a esse profissional médico, nós repudiamos esse tipo de situação. Infelizmente é um médico concursado e efetivo, mas isso não quer dizer que ele não possa sofrer as consequências administrativas. É inadmissível esse tipo de conduta”, pontuou.

O Viagora também procurou o médico Antônio Lucélio que falou sobre o caso.

“Eu trabalho no posto de Saúde no Programa da Família, sou concursado do Programa de Saúde da Família e lá no posto nós temos um número de pacientes para atender, tem pacientes que chegam fazem a ficha, mas vai até um certo limite. Realmente quando ele chegou já não tinham mais fichas só que a atendente do posto entrou no consultório e disse que tinha um paciente para atender lá fora, mas não explicou qual era o quadro do paciente e eu disse que já havia chegado ao limite de pacientes. Eu já tinha muitas pessoas extras pela manhã. Segundo ela foi colocado realmente para a triagem, o que acontece é que o postinho lá é para atendimento normal, pegamos praticamente todo caso, mas teoricamente era para atender pacientes não covid e lá estava misturando com os pacientes com covid e os que não tem covid, e isso pode dar uma infecção cruzada. Realmente a criança chegou lá e eu soube que tinha um paciente lá fora, mas não foi repassado para mim o estado, quando eu sai de lá que eu fui embora, minhas fichas já tinha sido atendidas e acabadas, pois quem faz essa marcação são as atendente lá fora, a noite eu recebi essa notícia de que havia um pai com uma criança que não foi atendida lá no posto e estava acusando no WhatsApp como se fosse omissão de socorro, só que além de não saber dos detalhes do caso da criança, todos os pacientes que estavam na minha ficha foram atendidos. Eu atendo de tudo, não nego pacientes de Covid ou não covid, mas está havendo uma mistura no posto com pacientes de Covid com os pacientes não covid. Lá não é hospital, não é regime de plantão, é só atendimento laboratorial, como se fosse consultório, você precisa marcar uma consulta para ser atendido. No regime de plantão você fica de horário tal até certo horário e quem chegar você atende, já no atendimento laboratorial há uma quantidade de pessoas que são marcadas para fazer ao atendimento. Houve um impasse de diálogo, eu entendo aquela situação do pai da criança não ter sido atendida, depois eu fiquei sabendo que a criança estava com febre, vomitou mais três vezes, era um paciente covid, mas faltou um pouco mais de comunicação. O pessoal que administra a Secretaria de Saúde precisa começar a separar o atendimento Covid do não Covid porque vai dar muita infecção cruzada e eu atendo muitos pacientes idosos. Lá eles jogam os pacientes que não são Covid e Covid para um médico só que atende determinado posto. O número de vagas enche e não temos a quantidade de profissionais suficientes para atender os que são covid e os que não são, o município não está contratando. E abriram os Centros Covid e voltaram a funcionar porque a pandemia voltou com força e o que ocorre aqui é um super atendimento, tem muitos pacientes para um profissional só. Deus me livre de omitir socorro para ninguém, pelo contrário a gente ama o que faz", relatou o médico.

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