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Violência afasta mais de 100 alunos de escola na Zona Sul de Teresina

Jovens armados invadem o colégio e ameaçam os professores, diz diretor. Alunos pedem mais segurança e o direito de assistir as aulas na escola.

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarAlunos fazem manifestação pedindo mais segurança e paz na escola(Imagem:Reprodução)Alunos fazem manifestação pedindo mais segurança e paz na escola
As aulas na Escola Municipal Raimundo Nonato de Monteiro Santana, na Vila Irmã Dulce, Zona Sul de Teresina, foram suspensas por conta da violência. Segundo a direção da escola, mais de 100 alunos deixaram de frequentar o colégio por conta da situação e as aulas só deverão ser retomadas quando a polícia estiver presente e garantir a segurança de funcionários, professores e alunos.

O diretor Minicio de Jesus Rego, disse que não há como os docentes ministrarem as aulas por conta do vandalismo de jovens que invadem a escola e provocam pânico em todos. “A última ação deles aconteceu dia 11 de junho, quando um jovem da comunidade invadiu o colégio, interrompeu a aula de uma professora e pediu que todos saíssem, caso contrário, ele iria jogar uma bomba dentro da sala. A professora saiu chorando e apavorada da sala”, denuncia o diretor.

Ainda de acordo com Minicio, a situação está incontrolável e a única solução encontrada pela direção foi interromper as aulas. “Esses criminosos, que muitas vezes são jovens e ex-alunos da escola, já quebraram os muros do colégio e entram no local principalmente para usar drogas e ameaçar professores e alunos. Eles desfilam armados pelos corredores e já chegaram a roubar os docentes e alunos. Nós até já proibimos o uso de celulares no colégio”, reclama.

O diretor ressalta ainda que já chamou a polícia por várias vezes. “A polícia vem e eles fogem, mas logo em seguida voltam em grupos maiores e jogam pedras nas salas, quebram portões, cadeados e ameaçam quem estiver no caminho deles”, disse Minicio.

A escola municipal funciona com as series do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, com cerca de 790 alunos, 32 professores e mais de 10 servidores.

“Em 2012, tínhamos mais de 900 alunos, mas os pais afirmaram que não iriam mais matricular seus filhos nas escolas por conta da violência. Mais de 100 alunos já deixaram de estudar na escola por conta da violência. Estou na escola desde 2007 e há três anos sou diretor, mas a cada ano diminui o número de matrículas”, informa Minicio Rego.
O professor de português Vitorino Rodrigues relata que os invasores chegam a invadir as salas e ameaçar os professores.

“Nós estamos presos nas salas, com medo que alguma hora eles cumpram as ameaças que fazem e aconteça uma tragédia. Na última vez que invadiram minha sala, me ameaçaram e quebraram carteiras na presença das crianças. Por isso, estamos de mãos atadas e pedindo socorro aos órgãos competentes”, diz Vitorino.

A presidente da associação de mães do bairro, Lúcia Gomes Dias, afirma que os pais reclamam e cobram melhorias na escola. “As mães do bairro já se uniram e pediram melhorias para escola. Além da parte estrutural, o que mais gostaríamos de ter, era segurança para que nossos filhos possam estudar de forma tranquila”, revela Lúcia.

Aluna do 6º ano, Karine Pereira, de 15 anos, pede mais segurança no colégio que estuda. “Nós estamos em uma escola e merecemos segurança. Quase todos os dias o colégio é invadida por estes marginais que jogam pedras e deixam todos nós apavorados. Nós queremos ter o direito de assistir nossas aulas e ter um futuro melhor”, disse a estudante.

Maria Oliveira, de 14 anos, é aluna do 6º ano e diz que não se sente segura na escola.

“Os ventiladores eles roubam e nós nem podemos sentar do lado da janela, porque já estão todas quebradas, de tantos eles jogarem pedras, felizmente nenhum aluno foi atingido”, disse Maria.

A direção da escola destaca que já enviou vários ofícios para os órgãos competentes, mas nada foi feito. “Nós já registramos pessoalmente várias ocorrências, fomos ao ministério público, conselho tutelar, juizado da infância e secretaria municipal de educação e até agora nada foi resolvido. A escola não tem segurança e todos estão com medo”, reivindica o diretor Minicio Rego.

Para as alunas Luana Oliveira, de 14 anos, e Jessica Araújo, de 13 anos, o ensino da escola é muito bom, mas seria melhor se houvesse mais segurança. “Fico com medo porque já tentaram me roubar algumas vezes, mas gosto de estudar aqui e me sinto feliz com os estudos”, disse Jéssica.

O diretor Minicio Rego também se mostrou preocupado com a segurança das meninas na escola. “Aqui temos um problema social e sexual porque são muitas meninas vulneráveis. Alguns desses vândalos namoram algumas dessas alunas e outros invadem para praticar o vandalismo, mas tememos pela segurança das garotas, com medo que acontece alguma violência contra elas”, denuncia o diretor.

O secretário de educação Kléber Montezuma disse que a secretaria vai buscar um apoio junto ao secretário de segurança para tentar resolver o problema. "Nós mantemos uma atitude firme de proteção às escolas, mas é preciso que haja uma ação da polícia e da comunidade também, já que essa é uma situação que acontece de fora para dentro da escola", disse.

Ministério Público

O Ministério Público Estadual ressaltou que o Centro de Apoio da Infância e Juventude solicitou ao setor de perícia uma vistoria na escola, o que segundo a assessoria de imprensa do órgão, já foi realizada. O relatório sobre a situação que foi encontrada já está nas mãos da promotora Leida Diniz e serão tomadas providências a partir das análises.

Polícia Militar

Através da sua coordenação de operações, a Polícia Militar do Piauí informou que vai intensificar as operações preventivas nas proximidades das escolas da região, para garantir a segurança de pais, alunos e professores.
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