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Ônibus queimados em José de Freitas por população não servem nem para sucata

Os dois ônibus estavam chegando de Teresina na cidade de José de Freitas.

O Município de José de Freitas, a 48 km da Capital do Piauí (Teresina), que no dia 7 de abril deste ano (2013), comemorou os seus 135 anos de Emancipação Política, registrou no início da noite da última sexta-feira (28 de junho de 2013), uma sena nunca vista no Município, quando alguns populares que participavam de uma manifestação, que vem ocorrendo em todo o Brasil, decidiram atear fogo em dois ônibus, ambos das Empresas São Joaquim e Santa Izabel, em protesto pelo preço das passagens de José de Freitas para Teresina, onde as duas empresas, que pertencem a uma mesma família, exploram a linha.

Os dois ônibus estavam chegando de Teresina na cidade de José de Freitas e ao tentar passar por uma barreira feita pelos manifestantes, na PI-113, alguns integrantes do movimento reagiram e acabaram mandando todos os ocupantes dos ônibus descerem e atearam fogo nos veículos, usando gasolina e pneus.

Os ônibus que até por volta das 9 horas deste sábado (29 de junho de 2013) permaneciam no local, ocupando um lado da pista da PI-113, no Bairro Suco de Uva, na saída de José de Freitas para Teresina, não servem mais nem para sucata.

Na manhã de ontem (29) muitos populares foram ver a situação em que ficaram os veículos. Um popular contou que os motoristas identificados por Ibiapina e Lourenço e os cobradores dos dois ônibus fugiram do local correndo, ao perceberem que a situação poderia se agravar ainda mais com a presença deles onde os carros foram incendiados.

Um empresário que pediu sigilo do seu nome relatou que o prejuízo pode chegar a 400 mil reais, já que o ônibus da Empresa São Joaquim que foi destruído pelo incêndio, era do ano 2012 e foi comprado recentemente. Os populares incendiaram primeiro o ônibus da São Joaquim e depois o ônibus da Santa Izabel que vinha logo atrás.

Policiais da Rone e do destacamento de José de Freitas-PI estiveram no local ainda na noite de sexta-feira (28), para controlar os ânimos entre os manifestantes.

No início da tarde de sexta-feira (28), sete integrantes do movimento pararam outro ônibus da Empresa São Joaquim, na PI-113, na localidade Caiçara, a 10 km de José de Freitas-PI, onde ainda começaram a atear fogo, mas depois tudo foi controlado e eles saíram, mas avisando que se a empresa continuasse colocando os ônibus na linha de José de Freitas a Teresina, eles iriam incendiá-los.

No início da noite de sexta (28 de junho de 2013), o motorista deste ônibus, identificado por Francinaldo Soares registrou um Boletim de Ocorrência no 25º DP, no Parque Anita Ferraz, no Bairro Pedra Mole, na Zona Leste de Teresina-PI, com o agente Paulo Maguim, alegando que era por questão de segurança que não teria ido até ao 17º DP, na cidade de José de Freitas, registrar o ocorrido.

Na manhã de sábado (29 de junho de 2013), ônibus de outras empresas estavam circulando normalmente pela PI-113, passando pela cidade de José de Freitas. Esse incidente em que os dois ônibus foram incendiados será apurado através de um inquérito policial, presidido pela Polícia Civil.

Manifestações em José de Freitas

Portando cartazes com frases de combate a corrupção, uma melhor educação, saúde, segurança e cobrando a redução dos preços das passagens de ônibus, populares do Município de José de Freitas-PI, realizaram manifestações bloqueando a PI-113, na saída daquela cidade, nos dias 24, 26 e 28 de junho de 2013, quando os dois ônibus acabaram sendo incendiados, por alguns que participaram do movimento popular.

Os manifestantes colocaram fogo em pneus no meio da pista e impediram a passagem de veículos que tiveram que desviar a rota por estradas vicinais.

Até um ônibus da Empresa Miraceu Turismo que iria pegar cerca de 50 romeiros na porta da Igreja de Nossa Senhora do Livramento, no Centro da cidade, para seguir para Aparecida, em São Paulo, foi impedido de passar no local onde a PI-113 foi bloqueada e o motorista José Carlos contou ao Saraivareporter.com, que teve que fazer o contorno e dirigir o ônibus de ré cerca de 1.500 metros para pegar os romeiros, dentre eles, o padre da Igreja de Nossa Senhora do Livramento, Gilcimar de Lima e o diácono permanente Antônio Primeiro da Costa.

Revolta dos manifestantes

A revolta dos manifestantes é porque o Governo do Estado do Piauí nunca colocou em prática o Projeto da Grande Teresina, aprovado há vários anos, e que beneficia 12 cidades do Piauí e Timon, no Maranhão. Se esse projeto já estivesse em vigor, os trabalhadores e estudantes de José de Freitas e a população de um modo em geral estaria pagando pela tarifa de José de Freitas a Teresina, cerca de 2 reais e 10 centavos.

Como o projeto nunca foi visto pelos gestores para ser colocado em prática, a passagem de ônibus na Empresa São Joaquim, de José de Freitas para Teresina, custa 4 reais e 60 centavos. Na gestão do ex-prefeito de José de Freitas, Robert de Almendra Freitas, que foi cassado por corrupção, ele fez um acordo com a Empresa São Joaquim para repassar certa quantia em dinheiro para que a Empresa São Joaquim pudesse baixar o preço das passagens, mas o acordo não foi cumprido.

Com a cassação de Robert Freitas, por corrupção eleitoral, assumiu a Prefeitura de José de Freitas, o segundo colocado para prefeito em 2008, Ricardo Camarço, que ainda se reuniu com o dono da Empresa São Joaquim, Raimundo Barroso, quando disse que iria estudar a possibilidade de cumprir o acordo firmado anteriormente pelo ex-prefeito Robert Freitas.

Ricardo Camarço conta que após a reunião com o empresário Raimundo Barroso, consultou o Tribunal de Contas do Estado do Piauí sobre o acordo e este respondeu que o referido acordo era ilegal, e, dai então, tudo ficou parado e só quem vem sofrendo há muito tempo são principalmente, os trabalhadores e estudantes que todos os dias são obrigados a se deslocarem para a Capital do Piauí, onde estudam ou trabalham.

Se os governantes já tivessem se empenhado para colocar em vigor o Projeto da Grande Teresina, nada disso estaria ocorrendo, como o que a população de José de Freitas viu na noite da última sexta-feira (28) com dois ônibus sendo destruídos por fogo colocado por alguns participantes do movimento popular.

O caso está obtendo ampla repercussão em José de Freitas-PI, e na noite de ontem (28), o apresentador Ratinho, do SBT, criticou a Empresa São Joaquim, dizendo que nunca tinha visto uma passagem inteira custar 4 reais e 60 centavos e a empresa no pagamento da meia passagem cobrar 4 reais, como denunciam os manifestantes, que querem a redução da tarifa.
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