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Rússia diz ter encontrado drogas em embarcação do Greenpeace

Arctic Sunrise foi apreendido após ação em plataforma de petróleo.

nvestigadores russos afirmaram nesta quarta-feira (9) que vários dos 30 ativistas do Greenpeace, em prisão provisória sob acusação de pirataria, por tentarem realizar uma ação de protesto no Ártico, serão acusados de outros delitos graves, segundo a agência AFP. Depois de uma revista em seu barco, de acordo com as autoridades, foram achados entorpecentes e equipamentos suspeitos. A organização nega que houvesse drogas ilegais no Arctic Sunrise.

O comitê de investigação com sede em Moscou indicou, em um comunicado, ter achado na embarcação produtos entorpecentes, aparentemente dormideira (papoula) e morfina, assim como equipamentos tecnológicos suspeitos. Esses equipamentos tinham "um duplo propósito e poderiam ser utilizados não apenas para fins ecológicos", acrescenta o comitê.

Outro lado

"Qualquer declaração de que drogas ilegais foram encontradas no navio é pura invenção", respondeu a organização em nota. "Podemos somente presumir que as autoridades russas se referem às medicações obrigatórias que carregamos a bordo, o que é estipulado pela própria legislação marítima. O navio foi vistoriado semanas atrás pela Guarda Costeira Russa, que buscou provas criminosas em cada canto da embarcação, o que nos leva a crer que essa alegação, agora, foi pensada para desviar a atenção do julgamento em Murmansk, que sofre cada vez mais pressão internacional", argumenta o Greenpeace.

A organização diz que mantém uma rigorosa política contra drogas recreativas a bordo dos seus navios. "Antes de deixar a Noruega rumo ao Ártico russo, o navio foi vistoriado inclusive por um cão farejador, como norma padrão. As leis norueguesas estão entre as mais duras do mundo, e nada foi encontrado, porque não havia nada ilegal", diz a nota.

A ONG esclarece ainda que o Arctic Sunrise é considerado território holandês e, estando em águas internacionais, está sujeito às leis da Holanda. "É ilegal navegar um navio de bandeira holandesa sem os suprimentos médicos obrigatórios por lei. O navio tinha a bordo um médico totalmente capacitado com mais de dez anos de experiência em hospitais russos. Alguns dos remédios eram mantidos em segurança num cofre, sob acesso apenas do capitão e do médico. Sabemos que o cofre foi arrombado pelas autoridades russas durante a inspeção do navio. Presumimos que são esses os medicamentos aos quais o serviço de segurança russo se refere".

Os detidos, 28 ativistas do Greenpeace, incluindo a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, e dois jornalistas freelancers, foram presos em 18 de setembro após uma ação de protesto contra exploração de petróleo no Ártico.

A embarcação Arctic Sunrise foi interceptada pela guarda costeira russa no mar ao norte do país. Eles ficaram detidos no navio, sendo conduzidos posteriormente a um tribunal de Murmansk. Lá, foram colocados dentro de celas provisórias.

Os ativistas condenados procedem de 19 países: Brasil, Rússia, EUA, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, República Tcheca, Polônia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e França.

Garantia

O diretor do Greenpeace se ofereceu nesta quarta-feira para ir morar na Rússia e se colocar como garantia para viabilizar a libertação sob fiança dos 30 detidos. A oferta foi feita por meio de uma carta, escrita por Kumi Naidoo ao presidente russo, Vladimir Putin, vista pela Reuters e enviada nesta quarta-feira em seguida a uma decisão judicial de negar fiança a três dos detidos.

"Ofereço a mim mesmo como garantidor da boa conduta dos ativistas do Greenpeace, caso sejam libertados sob fiança", escreveu Naidoo na carta, na qual ele se ofereceu para "mudar sua vida para a Rússia enquanto durar o caso". Ele acrescentou que nem ele nem os ativistas se consideram acima da lei, e solicitou uma reunião urgente com Putin.
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