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Universitária que foi tragicamente atropelada por trem sonha voltar a desenhar

A jovem aguarda retomar a sua vida para realizar o sonho de fazer parte da equipe de Maurício de Sousa, o criador da Turma da Mônica.

Mesmo diante da tragédia pela qual passou, a universitária Ana Carolina Ferreira Marinho, de 25 anos, está, segundo a família, otimista. Ela só aguarda a sua recuperação para voltar a estudar e fazer o que ama: desenhar. Carol, como é tratada pela família, foi atingida por uma composição ao reagir a um assalto dentro de um trem na estação Benjamin do Monte, em Campo Grande, na noite de terça-feira. A estudante, que perdeu parte da perna direita e do pé esquerdo, foi transferida na sexta-feira do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, para o Pasteur, no Méier, e aguarda retomar a sua vida para realizar o sonho de fazer parte da equipe de Maurício de Sousa, o criador da Turma da Mônica.

Tratamento preocupa o pai

Estudante do 1° período de Arquitetura da Gama Filho, Ana Carolina desenha histórias em quadrinhos desde pequena, e se especializou em mangás, quadrinhos feitos no estilo japonês. Segundo o pai da universitária, o aposentado Eli Alves Marinho, de 60 anos, ela enviou há poucos dias um dos seus desenhos para tentar conseguir um estágio no estúdio de Maurício de Sousa.

- No hospital, ela me contou que, logo após o acidente, tentou sair do lugar, mas não conseguiu. Olhou para a perna e viu que a lesão era muito grave. Ela sabia que tinha perdido uma das pernas. Na mesma hora, levantou os braços para saber se as mãos tinham sido atingidas e deu graças a Deus quando viu que estavam ilesas. Ainda bem, porque o desenho é a coisa que ela mais ama - disse Eli Marinho.

A SuperVia informou que vai arcar com todos os custos da internação da estudante. Entretanto, mesmo passado o risco da filha morrer, Eli Marinho, que mora com ela numa casa humilde em Paciência, está preocupado com a continuidade do tratamento médico. Ana Carolina precisará de próteses e de fisioterapia.

O aposentado mora sozinho com a filha há dois anos, desde que a mulher morreu vítima de leucemia. Os outros dois filhos, já casados, moram no mesmo bairro. Rosane Paiva, cunhada de Ana Carolina, disse que a jovem estava meio triste porque este mês fez dois anos da morte da mãe.

- A mãe era tudo para ela, mas, apesar da tristeza pela saudade, a Carol estava passando por um momento muito bom na sua vida. Estava na faculdade que queria, tinha notas boas e ainda sonhava conseguir o estágio. Esperamos que ela se recupere - disse Rosane, bastante emocionada.

Ladrão estaria no trem

A família acredita que o assaltante estava dentro do trem. Ao descer, como as janelas estavam abertas, ele teria resolvido roubar o videogame que estava nas mãos da estudante. A jovem, que faz kung fu desde pequena, tentou impedi-lo, mas acabou sendo puxada para fora. Ao pai, ela disse não saber porque teve essa reação. Além de ser atingida nas pernas, a jovem sofreu uma lesão na coluna cervical.

Na sexta-feira, policiais da 35ªDP (Campo Grande) foram até a casa de Ana para que o pai assinasse a ocorrência. Na segunda-feira, a universitária será ouvida no hospital. A polícia procurou por câmeras que pudessem ter flagrado o assalto, mas a estação não tem o equipamento. Funcionários da SuperVia foram chamados para depor. Segundo os policiais, há informações de que o assaltante teria seguido de trem e descido na estação de Inhoaíba.

De acordo com a SuperVia, há 540 câmeras de segurança no sistema, mas algumas estações não possuem nenhuma instalada.
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