Justiça ouve adolescentes acusados de estupro coletivo em Bom Jesus

Os quatro adolescentes acusados do estupro coletivo a uma jovem de 17 anos em Bom Jesus estão sendo ouvidos, na manhã de hoje (01) pelo juiz Heliomar Rios Ferreira. Esta audiência de apresentação é a primeira do caso a ser realizada e o objetivo é ouvir a versão deles dos fatos e confrontar os relatos individuais de cada um. Os rapazes estão soltos desde a semana passada, quando o magistrado determinou que eles respondam ao processo em liberdade, alegando ausência de antecedentes criminais.

A promotora que acompanha o caso, Gabriela Santana, explica que a vítima não será ouvida neste primeiro momento. "Será marcada uma nova audiência, desta vez de instrução e julgamento, em que serão colhidos os depoimentos dela e de testemunhas arroladas pela defesa e pela acusação. A data desta nova audiência deve ser marcada ainda hoje pelo juiz", diz a promotora.

Gabriela Santana conversou ontem (31) com o responsável pelas investigações, delegado Aldely Fontinelli, e disse que vai recorrer da decisão do juiz Heliomar Rios e pedir novamente a internação provisória dos jovens acusados do estupro. Para ela, com os eles soltos, a vítima pode ficar insegura e há riscos para o andamento do inquérito e para a manutenção da ordem pública, já que o crime causou comoção e revolta na população de Bom Jesus.

"O delegado me disse que colheu novos depoimentos de testemunhas, pessoas que ajudaram a vítima depois, e eu vou analisar que elementos deles podem ser usados para recorrer da decisão da Justiça. Interna--los é o mais prudente no momento", afirma a promotora.

A audiência de hoje está sendo acompanhada pelo promotor Francisco Santiago e deve entrar pela tarde. A Promotoria de Justiça diz esperar que, com esta conversa, o juiz se convença de que deixar os adolescentes responder ao processo em liberdade não é a decisão mais acertada.

Entenda o caso
Na noite de 20 de maio, uma menina de 17 anos foi estuprada por quatro adolescentes e um rapaz de 18 anos na cidade de Bom Jesus. A prisão e apreensão dos acusados ocorreu quase 24 horas depois do crime. A jovem, segundo a polícia, teria ingerido grande quantidade e álcool, oportunidade em que foi violentada. "Eles se aproveitaram de um momento de vulnerabilidade dela para praticar o crime", relatou o delegado Willame Morais, gerente de policiamento do interior.

Na semana passada, o juiz Heliomar Rios determinou a soltura dos adolescentes, que passaram cinco dias recolhidos na delegacia de Bom Jesus. Em sua decisão, o magistrado alegou a falta de antecedentes criminais dos jovens e o fato de eles não representarem risco para a investigação. A medida foi duramente criticada pelo Ministério Público Estadual, que já havia pedido a internação provisória dos quatro para fazer um estudo psicossocial junto às famílias.

A única pessoa de maior envolvida no crime, Roberto da Silva Oliveira, já foi encaminhado para o presídio de Bom Jesus. Ele confessou o crime ao delegado Aldely Fontinelli.