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Juiz denuncia esquema de grilagem de terras no cerrado piauiense e aponta participação do Interpi

O Instituto foi citado neste caso porque, segundo o juiz, uma nova modalidade de fraude está sendo aplicada utilizando posseiros como laranjas para regularizar

O juiz da Vara Agrária, Heliomar Rios, informou que há um esquema de fraude para venda de terras nos cerrados piauienses envolvendo o Interpi (Instituto de Terras do Piauí). O magistrado confirmou que foram atestadas, por meio de documentos, fraudes e irregularidades em matrículas de registros de imóveis na região do cerrado, como por exemplo, terras com matrículas inexistentes ou duplicadas.

O Interpi foi apontado neste caso porque, segundo o juiz, uma nova modalidade de fraude está sendo aplicada utilizando posseiros como laranjas para regularizar terras. Esses terrenos regularizados são comprados por um valor simbólico e depois vendidos por montantes milionários para grandes produtores de grãos que vêm de outros Estados para investir no Piauí.

Existem casos em que as mesmas terras foram vendidas várias vezes.

“Essas pessoas são usadas como laranjas e fazem a matrícula das terras com preços módicos, como uma certificação de matrícula de R$ 15 mil, e depois a mesma área é vendida para grandes empresários por R$ 20 milhões”, disse Heliomar Rios.

Segundo a Justiça, a área total dos cerrados é estimada em cerca de 11 milhões –  dos quais 5 milhões são destinados para a agricultura – e aproximadamente 195 mil hectares, uma área que corresponde a uma área maior do que o município de Campo Maior, a 84 km da capital.

No ano passado, o corregedor do Tribunal de Justiça, desembargador Francisco Paes Landim Filho, afirmou que 1 milhão de hectares tiveram as matrículas canceladas por terem sido detectadas fraudes.

O juiz da Vara Agrária afirmou ainda que está recebendo ameaças de morte porque está cancelando as matrículas e anulando os registros de terras que estão irregulares.

O caso está sendo apurado em processos tramitando na vara Agrária, que funciona em Bom Jesus, a 632 km de Teresina e na Corregedoria Geral de Justiça do Estado.

O portal VIAGORA tentou entrar em contato com o diretor presidente do Interpi mas não obteve retorno.

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