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População do semiárido piauiense teme desapropriações de terra por conta das jazidas de ferro

A população denunciou que um suposto advogado está assediando os moradores para assinar uma procuração e vender as terras por um preço mais baixo

A descoberta das jazidas de minérios de ferro na região do semiárido do Piauí e a construção da  ferrovia Transnordestina têm preocupado os moradores das pequenas comunidades Baixio dos Belos e Contentes, nos municípios de Curral Novo e Paulistana, à 452 km da capital.

As áreas que serão exploradas – tanto na mineração quanto para a construção da ferrovia – comprometem as terras onde habitam mais de 100 famílias e segundo elas, já existem pessoas assediadas pelos “forasteiros da mineração” para vender os terrenos em troca de pequenas comissões.

Outro problema temido pela população das regiões é com a desapropriação de terras feitas pelo governo em troca de indenizações que não conseguem manter o sustento das famílias.

O medo também tomou conta da população após boatos de que um morador foi assassinado depois de ter sido enganado na hora de receber o dinheiro da desapropriação das terras.

A população da comunidade Baixio dos Belos, recorreu à Igreja, após não ter conseguido ajuda das autoridades estaduais e municipais, para tentar impedir que os mineradores desapropriem suas terras.

Nos últimos 30 dias a comunidade, que fica a menos de 9 km do local onde foi descoberta jazida e não conta nem mesmo com energia elétrica, foi visitada por um grupo de mineradores que procuravam terrenos para comprar.

A dona de casa Teresina Isaura Feitosa Silva, 62 anos, revelou que foi procurada por um advogado, identificado apenas como Lobão, que tinha interesse de comprar os 50 hectares de terras da idosa.

Segundo ela, o advogado tentou convencê-la de todas as formas a assinar uma procuração para que ela repassasse suas terras em troca de uma comissão de 20%. Com o assédio e sem conhecimento jurídico suficiente, a idosa acabou assinando a procuração e em menos de dois dias arrependida, procurou o advogado e ele disse que "agora não tinha mais jeito".

"Quero que alguma autoridade obrigue este advogado a me entregar a procuração porque eu não quero vender nada", disse a dona de casa.

Maria do Socorro Feitosa Silva, filha de Isaura e presidente da Associação dos Moradores do Baixio dos Belos, disse que a mãe, assim como muitos outros moradores, nunca disse que queria vender as suas terras, mas com a insistência muitos acabaram assinando os documentos.

A presidente da Associação acredita que o advogado está à serviço das grandes mineradoras ou mesmo de grandes grupos financeiros dispostos a conseguir as terras baratas.

Outro caso envolvendo Lobão foi apontado pelos moradores. De acordo com eles, o suposto advogado estaria assediando uma senhora conhecida como Neta, que possui 800 hectares de terras localizadas nas reservas de minério. A população revelou inclusive que com a resistência da proprietária, Lobão ameaçou-a dando um prazo de apenas 30 dias para que ela assine a procuração autorizando a venda das terras. Com informações do Jornal Diário do Povo.

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