Cientistas identificam anticorpo capaz de neutralizar o coronavírus

Nessa segunda-feira, 4 de maio, cientistas da Universidade de Utrecht, do Erasmus Medical Center e do Harbour BioMed, instituições dos Países Baixos, publicaram a descoberta de um anticorpo capaz de neutralizar o Sars-CoV-2, coronavírus responsável pela Covid-19.

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo próprio corpo humano capazes de reconhecer e neutralizar micro-organismos, como vírus e bactérias. Eles são produzidos por células do sistema imunológico conhecidas como linfócitos B. São eles que lutam contra invasores que podem causar doenças aos seres humanos, como o novo coronavírus.

A equipe de pesquisadores neerlandeses já estudava anticorpos direcionados ao Sars-CoV, vírus da mesma família que causou uma epidemia na China em 2002. E, assim, o grupo pensou em testar o painel de opções descoberto também para o novo coronavírus.

“É um trabalho muito preliminar. Mas é o primeiro publicado, eu sei que tem outros que estão até mais adiantados. Eles [pesquisadores] já trabalhavam com anticorpos, e tinham esse que era metade humano e metade rato. Eles imunizaram os ratos, e tinham esse painel de anticorpos. Adaptaram em uma versão para os humanos”, declarou a pesquisadora Ana Maria Moro, do Instituto Butantan, ao G1. Ana Maria também pesquisa a produção de anticorpos monoclonais neutralizantes no Brasil.

De acordo com Berend-Jan Bosch, líder da pesquisa na Universidade de Utrecht, o novo anticorpo foi capaz de neutralizar o coronavírus em células in vitro. O artigo foi publicado pela revista Nature Communications. O co-autor Frank Grosveld, do Erasmus Medical Center e diretor-científico da Harbour BioMed, disse o anticorpo é “totalmente humano”.

“O anticorpo usado neste trabalho é ‘totalmente humano’, permite que continue mais rapidamente o desenvolvimento e reduz potenciais efeitos colaterais relacionados ao sistema imunológico”, disse Grosveld.

A detecção de anticorpos é uma das etapas fundamentais para a criação de tratamentos e vacinas eficazes contra micro-organismos. Para Ana Maria Moro, um ponto importante do estudo é que o anticorpo detectado não impede a entrada do vírus na célula.

“Fizeram um anticorpo humano, mas eles não sabem ainda como neutraliza exatamente. Isso eu achei um ponto de interrogação. E só fizeram ensaio em células de laboratório”, finalizou Ana Maria.

Com informações do G1.