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Tratamento do esgoto ajuda a despoluir rios na cidade de Teresina

Segundo o gerente de operações da Águas de Teresina, Alexandre Oliveira, a maior causa da poluição dos rios é o fator humano, devido ao descarte inadequado de resíduos.

"Água que nasce na fonte serena do mundo e que abre um profundo grotão. Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão".

O trecho acima da composição de Guilherme Arantes “Planeta Água”, é tão somente uma reflexão sobre a importância da água como um recurso vital e um apelo à consciência neste momento de crise climática e ambiental que a humanidade vivência.

Levantamentos recentes revelam que dentre as maiores consequências da degradação ambiental causada pela falta de saneamento está a poluição das águas. O lançamento de esgotos sem serem tratados pode poluir os mares, os lençóis freáticos e os mananciais.

Em Teresina, existe um encontro emblemático entre dois rios. O Poti se encontra com o Parnaíba e ao fundirem suas águas levam a magia desse encontro rumo ao mar. Além de proporcionarem um espetáculo à parte da natureza, os rios que abraçam a capital do Piauí também geram renda através de atividades como pescas, abastecimento urbano e lazer.

Foto: Matheus Santos/ViagoraRio Poti em Teresina
Rio Poti em Teresina
É o caso da Dona de casa e vendedora de pescados, Nalva Albuquerque, que mora no bairro Poti Velho e tem como parte da renda a comercialização dos peixes há vários anos. “Aqui desse rio tiramos o sustento da nossa família, já faço isso há quase 20 anos”.
No Rio Poti, o “tapete verde”, criado pelos aguapés que no primeiro momento, visualmente pode até parecer de certa forma, admirável, no entanto, revela um problema no equilíbrio do ecossistema em questão. É o que explica o biólogo e professor do mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Ribamar Rocha.
Foto: Matheus Santos/ ViagoraAguapés no Rio Poti em Teresina
Aguapés no Rio Poti em Teresina

“Impactos ambientais que atualmente os rios estão sofrendo, um dos maiores e mais importantes, é exatamente a falta de saneamento dado, que aí resulta no lançamento de esgotos sem tratamento no rio. Então esse impacto é o principal poluidor do rio. Quando ele leva esses esgotos sem tratamento, está levando uma quantidade enorme de elementos impactantes a partir das substâncias orgânicas, da atividade doméstica. Por exemplo, os resíduos decorrentes de medicamentos, isso também causa sérios impactos ambientais. E também outros resíduos que vêm da indústria, que já não são só do doméstico, isso tudo está ligado ao saneamento básico e para preservar 100% do tratamento da água, então vai ser eliminado esse impacto principal. Então por exemplo aqui em Teresina o rio Poti, sofre mais impacto porque a parte final dele é toda urbana atravessando Teresina até chegar no rio Parnaíba. Então ele sofre porque recebe uma grande quantidade desses impactos de esgoto sem tratamento. E como resultado a gente tem principalmente a bioindicação dos aguapés. O aguapé na verdade não causa poluição, ele se alimenta da matéria orgânica principalmente que é lançada”, explica o especialista.

Avanços

De acordo com o ambientalista, o avanço do saneamento básico, que possuí dentre os serviços a coleta e o tratamento de esgoto, pode evitar o problema. Na capital, atualmente esse procedimento dobrou nos últimos anos, saindo de cerca de 19% para 42,6%, aproximadamente.

“Em relação ao próprio tratamento sanitário antes da empresa Águas de Teresina era entono só de 17%, antes nem existia essa questão do esgotamento, então com o dado da própria empresa que foi divulgado na impressa, houve uma subida de tratamento para 33% e atualmente eles estão fechando em 40%. Então possivelmente ouve progressão. Agora este ano como teve essa questão de mudanças climáticas com a diminuição de chuva o atraso do período chuvoso, então o nível do Rio Poti baixou e não ocorreu a renovação natural das águas que acontece no período de chuva, possibilitou a concentração dos poluentes e esse ano a gente teve novamente o episódio de águapés, mas com as chuvas eles já foram arrastados paro o Parnaíba e a superfície do Poti está agora praticamente normal”, relata o biólogo.

Foto: Matheus Santos/ViagoraRio Poti em Teresina
Rio Poti em Teresina

Segundo o gerente de operações da empresa, Alexandre Oliveira, a maior causa da poluição dos rios é o fator humano, devido ao descarte inadequado de resíduos, sejam sólidos (lixo) ou fluídos (esgotos urbanos e insumos agrícolas rurais), mas ele enfatiza também as formas de resolução.

“Parte da solução está em tornar acessível opções corretas de descarte, como a coleta destes resíduos. No caso dos esgotos domésticos, a disponibilidade de sistemas de coleta e tratamento são a solução para eliminar essas contaminações”.

Ainda de acordo com o gerente, a Águas de Teresina é a responsável pela prestação de serviços de saneamento para a zona urbana da capital, o que atualmente representa 100% de atendimento com água tratada e 43% das economias atendidas com coleta e tratamento adequado do esgoto doméstico. Ele enfatiza que os investimentos em execução, elevarão este índice para 59% até o final de 2024.

Sobre o sistema de esgotos sanitários serem indutores de despoluição, Alexandre Oliveira explica: “A partir da sua implantação e operação os resíduos que seriam lançados nos mananciais, passam a receber tratamento que promove a redução dos contaminantes e consequente melhoria do efluente devolvido, sem uma carga poluidora significativa”.

Projetos

O gerente de operações também enfatizou o trabalho de conscientização promovido pela empresa acerca do assunto.

“Praticamente todos os nossos projetos e intervenções sociais eles de alguma forma tratam da questão da preservação ambiental, incluindo a questão dos rios. Por exemplo,as portas estão sempre abertas quando os estudantes visitam lá o ETA, a gente fala dessa questão da importância da preservação dos rios, nas ações que são feitas com o Saúde Nota 10 nas escolas, essa temática também ela é explorada em uma forma mais didática. Quando nós fazemos ações nas comunidades, mutirões ou itinerantes participando de ações integradas, nós fazemos ações educativas, levamos os painéis que demonstram como é o processo do saneamento, como funciona toda a parte do saneamento básico, isso também fala sobre a questão da poluição dos rios. O próprio pioneiro quando os jovens vêm participar. E eles acabam conhecendo sobre o nosso negócio. Também é tratada a questão do meio ambiente e da preservação dos rios. E não menos importante, quando são feitas reuniões em alguns afluentes com as lideranças, então quando nós falamos da importância, em especial quando se está falando da conscientização do esgotamento sanitário, da importância e relevância também mencionamos a relevância de preservar os rios”, pontuou.

Foto: DivulgaçãoAlexandre de Oliveira-gerente de Operações da Àguas de Teresina
Alexandre de Oliveira-gerente de Operações da Àguas de Teresina

Ainda sobre o trabalho, o representante da Águas de Teresina completa: “De forma geral, eu acredito que essas são as ações. Alguns projetos que aconteceram em 2023 que podem ser citados também, por exemplo, o Teatro do Futuro, foi um projeto que levava carretas, uma carreta que tinha toda aquela questão de trabalhar, levar informação para os alunos, até alunos menores, numa perspectiva utilizando teatro”.

Esgotamento sanitário

Conforme a empresa, a cidade, que já possui abastecimento regular de água em toda a zona urbana, finaliza o ano com 49% de cobertura na coleta e tratamento do esgoto.

De acordo com dados divulgados pela concessionária, anualmente, cerca de 13 bilhões de litros de esgoto tratados são devolvidos aos mananciais do Poti e Parnaíba. Sendo que por dia, em média, são 35 milhões de litros.

Qualidade de vida

Os investimentos no saneamento têm impactado de forma imediata a vida da população e de ribeirinhos, como a Dona Nalva que tem nos cursos dos rios a fonte da vida e da sobrevivência.

“Para mim não tem benção maior que esse rio Poti não, a gente espera que a humanidade não destrua a natureza”, alerta a ribeirinha.

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