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Ciro Nogueira destina emendas de quase R$ 2,8 milhões para promoção de eventos no interior do Piauí

A Controladoria aponta que o senador também tem ligação com as empresas que receberam os valores das emendas

A edição desta semana da revista Época traz denúncias de possíveis irregularidades envolvendo emendas destinadas pelo então deputado Ciro Nogueira (PP-PI) para "promoção de eventos para divulgação do turismo interno".

De acordo com a matéria, a Controladoria-Geral da União descobriu que em 2010 quando ainda era deputado federal, Ciro Nogueira e alguns companheiros de bancada destinaram emendas parlamentares para promover festas no Piauí com bandas como a Xenhenhém.
Imagem: ReproduçãoCiro Nogueira (Imagem:Reprodução)Ciro Nogueira

As emendas, que somadas chegam ao valor de R$ 2,8 milhões, foram apresentadas ao Ministério do Turismo que repassou o dinheiro às dezoito prefeituras piauienses para promover festas alegando "promoção de eventos para divulgação do turismo interno".

A CGU detectou várias irregularidades nesses repasses como, ausência de licitação, conluio entre empresas, superfaturamento na contratação das bandas e ausência de comprovação de que os "eventos" realmente existiram.

Os auditores da Controladoria apontam ainda que Ciro Nogueira também recebeu parte do valor das emendas já que empresas ligadas ao senador, e agora também presidente nacional do PP, estão envolvidas nas fraudes descobertas.

As denúncias comprovam que muitas empresas que ganharam o dinheiro das emendas, para contratar as bandas e montar a infraestrutura das festas, são de propriedade de Júlio Arcoverde, atual presidente estadual do PP e amigo íntimo de Ciro Nogueira – inclusive, os dois já foram sócios em três empresas.

Só em relação à banda Xenhenhém, quatro empresas de Arcoverde ganharam dinheiro: elas aparecem em 18 dos 19 contratos considerados suspeitos pela CGU.

Numa festa no município de Regeneração, a Xenhenhém recebeu R$ 24 mil para tocar por três horas sucessos como "Peruca de corno", "Toque retal" e "Bebe pra dormir".

Um mês depois, para tocar em Amarante, a Xenhenhém pediu apenas R$ 6 mil por duas horas e meia de show.

Também em Regeneração, outra banda, a Reprise, recebeu R$ 43.700 pelo show. Mas pediu apenas R$ 12 mil para tocar em Amarante.

Somente no festival de Regeneração, a CGU estima que os desvios do dinheiro público girem em torno de R$ 65 mil.

Ciro Nogueira foi breve em sua justificativa sobre o assunto.

"Não sabia (que as empresas de Arcoverde foram contratadas com dinheiro das emendas dele). O serviço foi prestado (pela Trevo)", disse. Ele completou através de um nota que “não há, nem jamais houve, qualquer questionamento legal sobre os referidos serviços (da locadora de carros Trevo)".

Júlio Arcoverde por sua vez saiu em defesa do amigo.

"Ciro não tem nada a ver com isso, viu? A Trevo presta serviço há 15 anos (a Ciro)" , disse Arcoverde.

O vocalista Leo, da banda Xenhenhém diz não saber da investigação da CGU nem por que é acusado de ter recebido das prefeituras um cachê gordo demais: "O valor (do cachê) é subjetivo. Prestei os serviços", disse.

A amizade de Ciro Nogueira e Júlio Arcoverde

A amizade dos políticos é realmente forte. Entre janeiro de 2011, quando assumiu o mandato de senador, e janeiro deste ano, o gabinete de Ciro pagou R$ 163 mil à Trevo Locadora de Veículos, em Teresina, por "serviços de aluguel de carros".
A Trevo pertence à mulher de Arcoverde e tem como sócia Lilian Ruth Martins, que também é sócia da empresa “Shopping do Automóvel” do próprio senador. Com informações da Revista Época.


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