Mulher moderna: tentar conciliar diferentes papeis prejudica autoestima
De acordo com a psicóloga, Renata Bandeira, estudos mostram que a mulher tem duas vezes mais chance de desenvolver uma depressão.
Em meio a tantas conquistas, a mulher é cobrada a ser uma boa mãe e esposa, conciliar o papel de profissional exemplar e ainda manter os padrões estéticos, na maioria das vezes inalcançáveis, Múltipla jornada imposta pela sociedade que prejudica diretamente a autoestima e a saúde mental feminina.
Durante anos, a mulher vem conquistando cada vez mais espaço em todo o mundo como o direito ao voto, direito de fazer um curso superior, além de seguir reivindicando leis mais efetivas contra a violência doméstica e de gênero, além de igualdade de oportunidades e salário no trabalho.
- Foto: DivulgaçãoTentar conciliar diferentes papeis prejudica autoestima.
De acordo com a psicóloga, Renata Bandeira, a sensação que dá é que as mulheres não podem errar: “Todas essas cobranças acabam prejudicando a saúde mental feminina, afinal, não existe perfeição”, pontua. Renata acredita que, além da cobrança da sociedade, as exigências impostas pela própria mulher na busca por desempenhar inúmeras funções interferem na sua autoestima.
Para a bibliotecária Aline Lima, de 36 anos, ter uma boa autoestima é um processo diário: “O importante é o equilíbrio e a consciência de que não somos perfeitas e que precisamos aceitar as nossas imperfeições. A autoaceitação é o primeiro passo para que essa cobrança não nos afete. É um processo diário olhar no espelho e valorizar o que sou”, enfatiza.
Para a psicóloga, a autoestima é a opinião que a pessoa tem de si mesma. “Levando em conta que a autoestima é o que pensamos de nós mesmas, as atitudes que vão fazer pensarmos de forma positiva sobre nós são fundamentais”, frisa.
De acordo ainda com a especialista, estudos mostram que a mulher tem duas vezes mais chance de desenvolver uma depressão, por isso é importante fortalecer a autoestima descobrindo o que traz satisfação e investindo nisso: “Existem mulheres que sentem mais orgulho de si quando organizam a rotina, outras quando cuidam da própria imagem ou da casa e até mesmo quando cuidam de outras pessoas”, complementa.
Segundo Renata, para algumas mulheres, esse estigma de naturalizar a mulher como multitarefa é uma forma de cobrar ainda mais que a mulher se encaixe em um padrão de perfeição. A socióloga Violeta Jansen, de 56 anos, relata que com o tempo teve a percepção que não se enquadrava nesse perfil, a mulher multitarefa.
“Talvez eu consiga mesmo fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas não quero. Gosto de executar tudo com calma, buscando tirar prazer, quando possível, de cada tarefa. Me dou o prazer e a liberdade de fazer no meu tempo, no meu ritmo e cada coisa por vez. E principalmente, me dou o direito de ser imperfeita. Autoestima para mim é me respeitar como sou e fazer com que os outros me respeitem também”, destacou.
Renata Bandeira lembra ainda, que é preciso reconhecer os sinais de baixa autoestima, pois só assim será possível agir para melhorar o quadro.“A mulher pode ter alguns sinais que identifiquem que ela está com baixa autoestima, como se sentir incapaz, insegura, indecisa, não gostar da própria imagem e por, muitas vezes, se permitir viver situações onde é menosprezada”, explica.
A especialista aponta que é preciso realizar atividades que valorizem a personalidade de forma individual para ajudar ter uma boa autoestima, tais como: desenvolver autoconhecimento; parar de se comparar; realizar atividades que proporcionem prazer; se cobrar menos; buscar uma vida mais saudável e ser organizada.
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