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Médica que implantou tratamento em Floriano diz que cloroquina é eficaz

A médica Marina Bucar atuou no combate à Covid-19 em hospitais de Madrid, na Espanha, e desenvolveu o protocolo baseado em resultados obtidos na cidade espanhola.

Na última semana, a cidade de Floriano tem obtido destaque nacional devido a um tratamento para Covid-19 que tem gerado resultados positivos no Hospital Regional TIbério Nunes. O tratamento faz uso de uma série de medicamentos para reduzir a morbidade da doença, dentre eles, a hidroxicloroquina.

Nessa quinta-feira, 14 de maio, em entrevista ao jornalista Tony Trindade, da TV Band Piauí, a médica Marina Bucar Bajurd, professora da Universidade de San Pablo, na Espanha, explicou como aconteceu a implantação o protocolo para tratamento bem-sucedido da Covid-19 no Hospital Regional Tibério Nunes.

A médica é natural de Floriano, se formou em Medicina na Universidade Federal do Piauí (UFPI), fez residência médica na Espanha no ano de 2007 e atualmente é coordenadora do Núcleo de Iniciação Científica da Faculdade de Floriano (FAESF) e médica internista no Hospital Universitário Puerta del Sur, em Madrid.

  • Foto: Instagram/Marina Bucar BajurdA médica Marina Bucar Bajurd atuou no combate à Covid-19 na Espanha.A médica Marina Bucar Bajurd atuou no combate à Covid-19 na Espanha.

Segundo Marina, o protocolo utilizado em Floriano foi amplamente discutido em hospitais da Espanha. “A gente fazia reuniões no hospital todos os dias, comentávamos e os colegas italianos que viveram isso antes também informavam para a gente. A evidência clínica precisa ser transmitida o mais rápido possível, antes mesmo de publicar. Os hospitais de Madrid conversavam, trocavam experiências e cada hospital fazia seu protocolo. 80% dos protocolos eram iguais para todos, porque tem coisas que a gente vê muito claras. Pequenos detalhes, 20% tinham um pouco de diferença entre um e outro, como a dose de corticoide, momento de botar corticoide”, afirmou.

Medicamentos apresentam bons resultados

Marina Bucar comentou que os fármacos utilizados em Floriano teriam sido utilizados em protocolos de hospitais espanhóis. “Nesses protocolos dos hospitais que me baseei, existiam medicações que estão em todos, o corticoide, hidroxicloroquina e biológico. E logo azitromicina, antivirais, o anakinra e outros biológicos, são detalhes que alguns hospitais colocam e outros não colocam. Isso significa que se em todos esses hospitais utilizam esses três, os três tiveram evidências clínicas. Dos que a gente viu mais resultado foi a hidroxicloroquina, corticoide e o biológico”, mencionou.

Conforme a médica, quanto mais cedo o paciente infectado com Covid-19 for submetido ao tratamento realizado com a hidroxicloroquina, mais rápida será a recuperação. Marina Bucar enfatizou que o medicamento pode ser ineficaz em casos mais graves, onde os pacientes já estão internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

“Na fase mais tardia, a fase que o paciente já está vindo para a UTI, é verdade que a maioria dos fármacos não têm eficácia. Não devemos deixar o paciente na fase três, porque a eficácia vai ser menor. Sendo que andamos no escuro, é melhor que a gente atue nas fases anteriores”, disse.

A médica avaliou que como não existe possibilidade de saber em quem a doença pode evoluir para um quadro infeccioso mais grave, com necessidade de intubação e respiração mecânica, a melhor saída é iniciar o tratamento nos primeiros dias da doença.

“A medicina não tem nenhum exame que diga quem vai passar para a fase inflamatória e quem não. Sendo que os efeitos secundários potenciais e que podem surgir da hidroxicloroquina com azitromicina ou antiviral. Se eu consigo afunilar, eu consigo atender melhor as pessoas”, declarou.

“Quanto mais precoce, melhor os resultados. Realmente tenho que dizer que como qualquer tratamento, tem alguns tratamentos que na Covid-19, a gente não sabe porque, vão ter uma resposta exacerbada a essa infecção. Às vezes alguns pacientes a gente trata um paciente e ele tem uma evolução”, citou.

Implantação do protocolo em Floriano

Marina Bucar explicou que o protocolo foi adotado em Floriano após uma conversa com o prefeito Joel Rodrigues e o diretor do Hospital Regional Tibério Nunes, Justino Moreira.

“Foi uma conversa muto informal, falei da minha experiência, meu irmão é médico e tenho amigos lá, foi uma troca muito informal, natural e depois o prefeito pediu para que eu fizesse uma reunião com profissionais. Expliquei o que a gente fazia aqui, depois o diretor do Hospital me ligou e tinha dúvidas para tirar. Realmente eu passei as informações como passaram para a gente, mas que isso que passei a um mês, a intenção é que não percam tempo procurando uma alternativa”, comentou.

Óbitos foram registrados no Hospital Tibério Nunes

Em boletim divulgado na última quarta-feira, 13 de maio, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) informou que foram registrados três novos óbitos no estados oriundos do Hospital Tibério Nunes. Marina Bucar, no entanto, explicou que os pacientes já chegaram ao hospital em estado grave e não fizeram uso dos medicamentos utilizados no protocolo espanhol.

“O que me contaram é que foram pacientes que nem chegaram a ter tratamento, eram pacientes com outras patologias, oncológicos, estavam muito graves, nem sequer entram na estatística de eficácia ou não, porque não iniciaram o protocolo”, disse.

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