Ciro Nogueira fez procuração para ex-assessor receber chaves de imóvel
A informação foi repassada à Polícia Federal pelo próprio senador em depoimento a investigadores.
O senador Ciro Nogueira (Progressistas) fez procuração para o seu ex-assessor, José Expedito Rodrigues Almeida, receber as chaves de um apartamento na região dos Jardins, em São Paulo, no ano de 2009. A informação foi repassada à Polícia Federal pelo próprio senador em depoimento a investigadores na última segunda-feira (30) e divulgada no blog da Andréia Sadi do G1.
Em fevereiro, a Operação Lava Jato acompanhou e registrou em vídeo duas entregas de dinheiro a José Expedito Rodrigues Almeida, ex-assessor do senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas.
A gravação foi uma "ação controlada" da Polícia Federal, isto é, uma operação planejada com o auxílio do próprio Almeida. Ele procurou a PF para denunciar um esquema de captação de propina de políticos do PP, entre os quais Ciro Nogueira e o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE).
Depoimento
"A procuração foi especificamente para receber as chaves do imóvel, o qual foi vendido aproximadamente um ano depois", disse Ciro à PF.
- Foto: ViagoraSenador Ciro Nogueira
Em 2010, Ciro exonerou o então assessor por "compreender que o mesmo não tinha postura adequada para exercer aquela função". O senador disse, ainda, que após a exoneração de Almeida, não manteve qualquer relação funcional ou profissional com o assessor. Segundo o Ciro, Almeida chegou a se oferecer para trabalhar na campanha dele ao Senado, em 2010, mas Nogueira disse que não aceitou.
Ciro também comentou no depoimento à PF que o celular apreendido em sua casa durante a operação deflagrada no mês passado, pertence a sua mulher e que ele vai apresentar a senha do aparelho. No dia 24 de abril, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em diversos endereços ligados a Ciro – inclusive sua casa e seu gabinete no Senado.
Sobre as munições apreendidas em sua casa, em Teresina, o senador disse que pertenciam ao seu pai, que teria devolvido a arma à Polícia Federal durante a campanha do desarmamento. Segundo Ciro, as munições eram muito antigas e ficaram esquecidas.
Ao final do depoimento, o senador se disse perplexo com relação às buscas da PF uma vez que seu nome não foi citado nos documentos aos quais teve acesso e, se houve alguma citação, "foi indevida e sem a sua autorização".
Sobre a acusação de obstrução de justiça, o advogado de Ciro, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que pediu para levantar o sigilo das investigações pois entende que “a investigação é a melhor prova da completa inocência do Ciro Nogueira".
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